DIA das mães? Será mesmo que é preciso UM ÚNICO dia para lembrar o que mulheres mães fazem durante as 24h diárias do ano por suas crias (eternamente)?
Eu nasci, e acho que você também, num meio que valoriza muito o "consumo" exigido para esse dia. Pois bem, quem nunca quebrou a cabeça por dias pensando no que ia comprar para deixar a mãe feliz. E será que a mãe precisa mesmo de algo "comprável"? Essa era uma questão que eu me perguntava sempre e jamais fui capaz de expô-la aos que me rodeavam até que, me tornei mãe. Confesso que me senti privilegiada em meu 1o dia das mães, ganhei uma linda orquídea do marido (que ainda hoje está florida).
Mas vez ou outra a questão me vinha novamente? Comemorar esse dia? Comprar presentes? O que realmente merece uma mãe? Uma mãe merece APENAS um dia?
Enfim, com tantas questões e pensamentos comecei a listar outros tantos motivos que me impossibilitariam de comemorar essa data e me pus a questionar: como poderia comemorar o dia das mães se...
- Como poderia comemorar o dia das mães, se a maioria das mulheres são mães de forma compulsória?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se a escolha de gerar uma criança ou não ainda não é da mulher?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda achamos normal e aceitável a responsabilidade única da mulher em usar métodos contraceptivos, causando assim prejuízos ao próprio corpo, para previnir uma gravidez indesejada.
- Como poderia comemorar o dia das mães, se ao acontecer essa gravidez indesejada a mulher é a única responsabilizada e punida – através da maternidade compulsória e negando-lhe o aborto – enquanto a paternidade continua sendo arbritária?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se mulheres morrem por abortos clandestinos, precários, em más condições?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se as mulheres que optaram por ter o filho sozinhas, são submetidas a inúmeros tipos de violência de todos os níveis, passando pelo descaso com a saúde até a violência obstétrica, assunto ainda tabu na sociedade.
- Como poderia comemorar o dia das mães, se para conseguir uma vaga na creche para um(a) filho(a) é preciso aguardar uma lista de espera que pode durar anos?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se na maioria das vezes mulheres dependem dessa vaga na creche para trabalhar e sustentar a casa e os filhos?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se a todo tempo fazem eu acreditar que não sou capaz: não sou capaz de parir, não sou capaz de nutrir, não sou capaz de entreter, não sou capaz de educar. Temos mesmo o que comemorar?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se minhas atitudes como mãe são colocadas toda hora em cheque? Como forma de promover a insegurança, culpa e levar ao consumismo por acreditar na minha incapacidade?
- Como poderia comemorar o dia das mães, quando a maioria das mulheres são obrigadas a voltarem ao trabalho quando seus bebês tem 4 meses de vida?
- Como poderia comemorar o dia das mães, quando as mulheres-mães ainda tem duplas ou triplas jornadas?
- Como poderia comemorar o dia das mães, quando as pessoas ainda acreditam e reproduzem que a mulher é única responsável por cuidar e educar os filhos?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda não sou reconhecida como mulher além da função materna?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda preciso lutar para ter o básico?
- Como poderia comemorar o dia das mães, se durante todos os outros dias não tenho nada do que eu realmente preciso? Não há reconhecimento nas minhas funções como educadora de outro ser humano, não há reconhecimento nas minhas funções como mulher além da maternidade, não há reconhecimento algum?
Você pode até pensar que esse texto é um pouco agressivo. Você pode dizer: Ah Carol qual é o problema a gente ser reconhecida nesse dia, afinal é apenas simbolismo? Enfim, você pode (e não há problema algum nisso) ter n argumentos para me contrapor. Mas, eu continuarei com a minha pequena "revolução" interna e quem sabe podendo levar essa mensagem a outras mães que sofrem tanto com a violência social a fim de empoderá-las e sobretudo deixar claro que: Mãe, você não está sozinha!
E como dizem por aí: Menos presente e MAIS PRESENÇA!
Aproveitem o domingo para olhar nos olhos de suas crias por um momento e dizer-lhes com o coração o quanto os ama!
Realmente Carol temos muito a vencer!!! Adorei!!
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