quarta-feira, 25 de maio de 2016

Co-escuta: uma maneira simples de curar as feridas.


A co-escuta possui uma base simples e bem sucedida! Qualquer pessoa pode colocá-la em prática e ela pode mudar nossas vidas. 

Falar faz um bem, um bem danado. Se o nosso interlocutor nos dá espaço e tempo, falar nos permitirá ser compreendido, ser ouvido (e às vezes é exatamente o que precisávamos: receber a atenção e compreensão),e é suficiente para esvaziar-se, enxergar o nosso problema de uma forma abrangente, dar um passo atrás (o que pode nos permitir vislumbrar soluções) e curar nossas feridas mais profundas.

Falar cura ... em certas circunstâncias.

Sim, mas com quem podemos falar de todas as nossas lamúrias e necessidades, por 20 a 30 minutos, sem que sejamos interrompidos ou que recebamos algum conselho ou julgamento, alguém que esteja apenas a nos escutar e nos acolher? Quem não teria medo ou receio de irritar um amigo ao expressar sua dor por um longo tempo sem que se torne inapropriado para ele?

Quem pode liberar-se dizendo palavras, se necessário, de horrores (que você pode até não pensar no fundo do coração, mas que te permitirá nesse momento se liberar de algum sentimento) sobre o cônjuge, parentes, vizinhos ou seus filhos sem que haja consequências, sem deixar um rastro?

Mesmo com nossos melhores amigos, nós nos limitamos.

As próprias crianças muito rapidamente internalizam as regras da sociedade, elas costumam parar de chorar muito antes do que elas teriam necessidade de o fazer. 

Não confundamos uma ferida com a sua cura.

Muitas vezes confundimos a lesão, emoção e descarga - ou seja, a libaração- de emoção, que é o processo de cicatrização da ferida. As lágrimas, o riso, tremores, eles são formas de libertação!
E todos nós temos "rigidez". Um que não suporta que façamos barulho ao seu lado, outro que necessita de um certo protocolo ao sentar-se à mesa, uns detestam gente rica, outros os pobres, uns não gostam de mulheres expressivas, ou homens reservados, enfim, quando essas manias e reações se instalam, elas se integram à nossa personalidade, elas se tornam parte de nós, nós nos confundimos com elas. Mas será que nós temos realmente o desejo que essas "características" governem nossas vidas? Elas também podem ser sinais de feridas a serem curadas, explica o John Mullen (um facilitador e formador de co-escuta). 

Co-escuta, simples e extraordinárias, ao mesmo tempo. 

Co-escuta é uma forma de conversação: cada um a seu turno, duas pessoas se ouvem mutualmente. Esta é uma escuta em que se presta atenção ao que se ouve. Nós pensamos na pessoa que fala e no que ela diz, sem interrompê-la com sugestões e/ou questões, somente escutando de bom coração. Após esta troca, ambas as partes geralmente se sentem mais leves e podem refletir com mais facilidade.
Mas tão simples como pode parecer, o co-escuta é extraordinária no sentido de que a gente não se sente (quase) nunca mais o mesmo. 

"Ouvir pode ser muito mais fácil se a gente faz de forma rotativa. Eu te escuto por um certo tempo, depois trocamos e é o meu momento de falar e ser ouvido."

A expressão das emoções pode vir através do riso, lágrimas, raiva, tremor, bocejo, suor ... e nós nem sempre somos capazes de resistir, igualmente, essas descargas emocionais. Para a maioria de nós, o riso é muito mais fácil de tolerar do que lágrimas ou gritos (outro dia meu bebê de 15 meses chorava desesperadamente por ter sido contrariado, eu decidi acolher seu choro e estar presente vivendo aquele momento apenas para ele. Estávamos tão conectados que não senti o tempo passar e portanto, para meu companheiro que estava trabalhando em seu computador pareceu uma eternidade. No entanto, após esses 10 minutos, pude constatar o bem-estar que ele sentia ao ter expressado todo seu sentimento nesse choro. 

"O que fazer para ser um bom ouvinte: 1. escutar com respeito; 2. respeitar a confidencialidade; 3. em palavras e atos, mostrar-se encantada(o) em estar escutando a pessoa a sua frente; 4. encorajá-la a falar; 5. manter um olhar acolhedor.
O que NÃO fazer: 1. não interromper; 2. não dar conselhos; 3. não dar opiniões; 4. não falar sobre a sua história a partir de algo que a pessoa fala. LEMBRE-SE: seu momento de falar chegará!

A co-escuta é baseada na teoria de que quanto mais descarregamos as lesões (quanto mais choramos, rimos, trememos, enfim...) melhor nos sentiremos.

Co-escuta, uma forma de terapia gratuita?

O que é fantástico na co-escuta é que podemos nos expressar sem nos sufocarmos, sem sentir vergonha, porque nós definimos um tempo de escuta mútua. De um lado, podemos ir até ao fim deste tempo, sem medo de incomodar o nosso interlocutor; em segundo lugar, sabemos que iremos fornecer a mesma qualidade de ouvir o nosso interlocutor.

A relação é igual, simétrica, livre.

Os comentários são confidenciais, podemos expressar os fantasmas que nos libertam, ninguém vai repetir que nós queríamos estrangular nosso chefe, socar nosso vizinho ou fazer amor com um príncipe asteca.
Enfim, o ouvinte pode não ser um amigo, nós não devemos temer ao impacto de nossas trocas no momento de escuta. Ambos estamos ali para apenas sermos ouvidos. Você pode desenvolver a co-escuta com alguém muito próximo, com quem deseja também melhorar a relação, ou com alguém que não conheça muito bem, havendo claro um comum acordo de confidencialidade entre vocês. 

Co-escuta pode curar tudo?

Ao longo dos anos, John viu pessoas se recuperarem de lesões grandes e pequenas: um complexo intelectual, as feridas de uma infância passada na pobreza ou assédio, estupro ... "podemos descarregar todas as feridas! Observa John. O potencial humano é enorme, ele é bloqueado por mágoas do passado."

Sim, ele realmente funciona, se a pessoa "cliente" está em confiança e se o ouvinte incentiva a descarga emocional (expressão emocional). O riso ajuda a recuperar de lesões muito graves se ele durar o suficiente.

O ouvinte deve aprender a deixar de lado suas próprias feridas para ouvir. Esta é uma prática que também presta grande serviço na vida diária, e é muito mais fácil praticar quando sabemos que teremos nos próximos dias, um espaço de co-escuta para liberar suas emoções e feridas.

Quem pode realizar a co-escuta?

A comunidade de co-escuta faz pouca publicidade, ela é construída gradualmente, no famoso boca à boca, de todas as origens sócio-profissionais. A única condição necessária antes de embarcar em um treinamento de co-escuta é estar no estado (físico e mental) para ouvir, a empatia é a ferramenta principal. "Nove em cada dez, não há nenhum problema", diz John. Ainda assim, algumas pessoas, por razões próprias, podem falar, mas não são capazes de ouvir a outra pessoa.

A co-escuta é uma potente ferramenta para melhorar sua forma de pensar e sua compreensão do mundo.

Idealmente, as reuniões de co-escuta ocorrem em um encontro real entre duas pessoas que escolhem em comum acordo um tempo para ouvir e para ser ouvido. 

A base da co-escuta é saber ouvir, estar presente e acolher, no entanto, outros cursos são oferecidos posteriormente, para aqueles que querem. Há formações com sessões coletivas de trabalho organizadas em temas específicos, combinando grupo de trabalho e co-escuta: a relação com o dinheiro, a pobreza, a opressão, abuso, entre outros.

É uma excelente ferramenta para si próprio e as conexões com outras pessoas. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Respeito ao parto e à mulher!



Quando nós reconhecemos como um direito apenas 'sobreviver' ao parto, a violação de outros direitos humanos das mulheres torna-se invisível. As mulheres, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento estão se organizando para falar sobre os sistemas de cuidados que as desumanizam e as traumatizam em seu momento de maior vulnerabilidade. 

Elas estão exigindo o reconhecimento de seus direitos, não somente o acesso à saúde e de sobreviver ao parto, mas seus direitos à autonomia de consentir e recusar. Direito à privacidade, à dignidade, ao tratamento não-violento, não-discriminatório em trabalho de parto e nascimento. O marco dos direitos humanos leva as mulheres para além da exigência do uso de 'prestadores de serviços' para dar-lhes atendimento individualizado e não-violento. A exigência é de que o governo faça cumprir os direitos humanos das mulheres como direitos legais que devem ser respeitados na política e na prática.

Em algumas nações, grupos de mulheres já aprovaram leis nomeando o abuso de mulheres no parto como violência obstétrica, e trazem ações legais que descrevem suas experiências nesses termos. Vale ressaltar que a maioria desses locais onde mulheres estão conseguindo passar leis contra a violência obstétrica são países com mais altas taxas de cesarianas no mundo, como América do Sul e Central. O que não significa que países "desenvolvidos" estejam fora dessa triste realidade. Um estudo sobre violência obstétrica realizado por uma parteira francesa, Marie-Line Perarnaud, promete lançar números assustadores sobre a violência a qual são submetidas mulheres francesas.

O desrespeito e abuso de mulheres no parto, e a geração de crianças que nascem por cirurgia, não são questões suaves de direitos humanos. O direito ao apoio respeitoso, não-violento durante o parto não é um pedido de uma "experiência positiva do nascimento." Enquadrar estas questões em termos de "experiência do nascimento" corre o risco de banalizá-las, e cria uma falsa dicotomia entre a "experiência" dos cuidados, contra a saúde e segurança. As questões que estamos falando aqui são, de fato, sobre saúde e segurança, e são uma questão de vida ou morte. 

A epidemia de cesarianas no mundo é por si só uma violência obstétrica. Em muitas cidades e nações, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, mulheres que possuem acesso a um programa de saúde "de qualidade" são direcionadas em linhas de montagem a cirurgia cesariana, enquanto as mulheres de comunidades marginalizadas em uma mesma nação são deixadas a mercê terminando muitas vezes em morte. Há equidade nisso? 

Relatos da mídia sobre a pandemia de cesarianas afirmam que muitas vezes as mulheres optam por essas cirurgias. Estudos mostram, isso não é verdade. As mulheres querem um parto saudável. Elas querem poder contar com o apoio do sistema de saúde a fim de suprir suas necessidades, inclusive uma cirurgia - caso seja necessário. Sabemos que o sistema econômico tem influenciado muito na escolha de médicos ao optarem por se negarem ao atendimento de um parto normal e respeitoso. O dinheiro que os sistemas de saúde estão desperdiçando sobre o parto cirúrgico de bebês saudáveis ​​de mulheres saudáveis ​​poderiam ser direcionados para mulheres carentes e lacunas de fechamento em saúde reprodutiva das mulheres.

Quando é que vamos nos levantar e dizer, não mais? Por que estamos deixando isso acontecer com nós mesmas e nossos filhos? Por que estamos deixando que isso aconteça com outras mulheres? O que uma maternidade deve fazer para preservar não apenas o direito da mulher sobreviver a um parto, mas o espectro completo dos direitos humanos que cada mulher tem, e que ela carrega em trabalho de parto e parto? Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer, a mudança TEM que começar pela maternidade, afinal TODOS nós viemos de lá!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O direito, rituais e crenças em torno da placenta.


 De todos os órgãos do corpo humano, a placenta é o único que surge em nós mulheres durante a gestação e é eliminado pelo corpo após o nascimento do bebê. Presente na maior parte dos mamíferos, a placenta é responsável por fornecer oxigênio ao bebê, ajudar a movimentar a massa sanguínea, mantem a circulação, depura e regula os líquidos no corpo do bebê, dentre outras funções.
A placenta sempre teve papel importante em diversas culturas, dispondo, geralmente, de rituais para o seu tratamento após o parto. Em alguns países do ocidente, a placenta é incinerada. Alguns povos enterram a placenta, pelos mais diversos motivos, como por exemplo os Maoris da Nova Zelândia, que enterram a placenta de um recém-nascido no intuito de melhorar o relacionamento entre os seres humanos e a Mãe Natureza. Da mesma forma, os índios Navajo dos Estados Unidos enterram a placenta e o cordão umbilical em um lugar sagrado para eles, particularmente no caso do bebê morrer no parto. No Camboja e na Costa Rica, enterra-se a placenta acreditando que a prática protege e assegura a saúde do bebê e da sua mãe. Se a mãe morrer no parto, o povo Aimará da Bolívia enterra a placenta em um lugar secreto, para que o espírito da mãe não venha a reivindicar a vida de seu filho. O povo Ibo (ou Igbo) da Nigéria considera a placenta como o gêmeo morto do bebê e conduz um verdadeiro funeral para ela. Ainda em algumas culturas e religiões, a placenta é comida. A prática se chama placentofagia, como ocorre com quase todos os mamíferos, exceto as baleias. 
A placenta humana também tem aplicação medicinal e cosmética, com origem no mundo oriental, mas já bastante expandida no ocidente. E isso tem se tornado uma verdadeira indústria. A busca por produtos de beleza eficazes e cada vez menos agressivos tem acarretado um crescente interesse nesse órgão.
Muito embora as realidades acima se verifiquem, no Brasil a placenta é rotineiramente jogada no lixo, de acordo com a visão moderno-tecnológica do parto. Profissionais da área médica, bem como a maioria dos hospitais consideram a prática como padrão e, ao receber um pedido diferente, por muitas vezes impedem que as donas dos órgãos dêem qualquer outro destino à placenta que não seja o lixo.
As Recomendações da Organização Mundial de Saúde para o nascimento estabelecem que:
        "AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE DEVEM
        (...)
        8- Preservar o direito das mulheres parirem em instituições, de decidir sobre a sua roupa e o bebê, sobre a alimentação, o destino da placenta, e outras práticas culturalmente significantes."
        Em setembro de 2001, durante o V Congresso Mundial de Medicina Perinatal, os congressistas elaboraram um manifesto chamado de DECLARAÇÃO DE BARCELONA SOBRE OS DIREITOS DA MÃE E DO RECÉM-NASCIDO, com vistas a "conseguir que no século XXI, o processo reprodutivo humano, em qualquer parte do mundo, fosse obtido, em condições de bem estar físico, mental e social, tanto para a mãe quanto para o filho". A declaração em seu item 12, praticamente reproduziu o constante das recomendações da OMS, mas é bom transcrever:
        "12. As mulheres que dão à luz em determinada instituição tem direito a decidir sobre a vestimenta (própria e do recém-nascido) destino da placenta e outras práticas culturalmente importantes para cada pessoa"
        Nota-se que a legislação pátria, bem como resoluções e pareceres do CFM, são silentes sobre o assunto "livre disposição da placenta". Desta forma, há que se trazer a lume o Art. 5º, inciso II da Constituição Federal, que traz, in verbis:
        Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
        (...)
        II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
        Assim sendo, não havendo disposição expressa da lei para que haja o descarte da placenta para o lixo hospitalar, não há que se obrigar a dona (grife-se bem a palavra "dona") do órgão a dispor sobre esta parte do seu corpo de tal maneira.

Como foi mencionado anteriormente, o fato de que algumas religiões têm a placenta como parte de sua doutrina, optando algumas pessoas por comê-la (como a Cientologia, por exemplo) ou então enterrá-la junto a uma árvore, confirma-se a ilegalidade de sermos obrigadas a jogar nossa placenta no lixo hospitalar, já que também pode impedir o pleno direito da liberdade religiosa, protegido pelo inciso VI do já aludido Artigo 5º da Constituição Federal ("é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias").
Também O Código Civil brasileiro protege o direito de disposição da placenta por sua dona, conforme reza o Art. 13, que dispõe:
        Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.

O Código de Ética Médica, em seu Art. 48, proíbe o médico de "Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar.", o que também pode acarretar na responsabilização do profissional da medicina que obrigar a paciente a destinar sua placenta ao lixo hospitalar.
Desta forma, não há dúvidas de que a placenta pertença à mulher e que a ela cabe a decisão de dispor desta da maneira que mais lhe aprouver. Talvez seja a falta de hábito em atender pessoas que queiram dar destino diferente do lixo que leve o médico ou o hospital a se surpreender e alegar que a placenta tenha que obrigatoriamente ficar no hospital para descarte. Porém, tal pretensão é totalmente carente de fundamento legal.
Eu gostaria também apenas de dividir um detalhe com vocês. Mesmo sabendo que temos toda a legislação a nosso favor, muitas mulheres não sabem que podem exigir a placenta, outras não sabem o que fariam com ela caso as recuperassem. Quero apenas deixar o meu relato. Eu não tive essa mesma "sorte". Aqui na França há leis que se contradizem e alguns hospitais têm exercido a prática de proibir a parturiente de sair com a placenta. Um estudo realizado aqui, mostra que há toneladas de placentas (SIM, francês faz muito bebê) que são - PASMEM - vendidas a laboratórios de produtos de beleza. E o dinheiro dessa venda não vem para nossos bolsos!

       

domingo, 8 de maio de 2016

Feliz dia das Mães, ou melhor, por MÃES FELIZES TODOS OS DIAS!


DIA das mães? Será mesmo que é preciso UM ÚNICO dia para lembrar o que mulheres mães fazem durante as 24h diárias do ano por suas crias (eternamente)? 

Eu nasci, e acho que você também, num meio que valoriza muito o "consumo" exigido para esse dia. Pois bem, quem nunca quebrou a cabeça por dias pensando no que ia comprar para deixar a mãe feliz. E será que a mãe precisa mesmo de algo "comprável"? Essa era uma questão que eu me perguntava sempre e jamais fui capaz de expô-la aos que me rodeavam até que, me tornei mãe. Confesso que me senti privilegiada em meu 1o dia das mães, ganhei uma linda orquídea do marido (que ainda hoje está florida). 

Mas vez ou outra a questão me vinha novamente? Comemorar esse dia? Comprar presentes? O que realmente merece uma mãe? Uma mãe merece APENAS um dia? 

Enfim, com tantas questões e pensamentos comecei a listar outros tantos motivos que me impossibilitariam de comemorar essa data e me pus a questionar: como poderia comemorar o dia das mães se... 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se a maioria das mulheres são mães de forma compulsória?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se a escolha de gerar uma criança ou não ainda não é da mulher?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda achamos normal e aceitável a responsabilidade única da mulher em usar métodos contraceptivos, causando assim prejuízos ao próprio corpo, para previnir uma gravidez indesejada. 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se ao acontecer essa gravidez indesejada a mulher é a única responsabilizada e punida – através da maternidade compulsória e negando-lhe o aborto – enquanto a paternidade continua sendo arbritária? 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se mulheres morrem por abortos clandestinos, precários, em más condições?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se as mulheres que optaram por ter o filho sozinhas, são submetidas a inúmeros tipos de violência de todos os níveis, passando pelo descaso com a saúde até a violência obstétrica, assunto ainda tabu na sociedade. 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se para conseguir uma vaga na creche para um(a) filho(a) é preciso aguardar uma lista de espera que pode durar anos?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se na maioria das vezes mulheres dependem dessa vaga na creche para trabalhar e sustentar a casa e os filhos? 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se a todo tempo fazem eu acreditar que não sou capaz: não sou capaz de parir, não sou capaz de nutrir, não sou capaz de entreter, não sou capaz de educar. Temos mesmo o que comemorar? 
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se minhas atitudes como mãe são colocadas toda hora em cheque? Como forma de promover a insegurança, culpa e levar ao consumismo por acreditar na minha incapacidade?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, quando a maioria das mulheres são obrigadas a voltarem ao trabalho quando seus bebês tem 4 meses de vida?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, quando as mulheres-mães ainda tem duplas ou triplas jornadas?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, quando as pessoas ainda acreditam e reproduzem que a mulher é única responsável por cuidar e educar os filhos?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda não sou reconhecida como mulher além da função materna?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se ainda preciso lutar para ter o básico?
  • Como poderia comemorar o dia das mães, se durante todos os outros dias não tenho nada do que eu realmente preciso? Não há reconhecimento nas minhas funções como educadora de outro ser humano, não há reconhecimento nas minhas funções como mulher além da maternidade, não há reconhecimento algum? 


Você pode até pensar que esse texto é um pouco agressivo. Você pode dizer: Ah Carol qual é o problema a gente ser reconhecida nesse dia, afinal é apenas simbolismo? Enfim, você pode (e não há problema algum nisso) ter n argumentos para me contrapor. Mas, eu continuarei com a minha pequena "revolução" interna e quem sabe podendo levar essa mensagem a outras mães que sofrem tanto com a violência social a fim de empoderá-las e sobretudo deixar claro que: Mãe, você não está sozinha!

E como dizem por aí: Menos presente e MAIS PRESENÇA!

Aproveitem o domingo para olhar nos olhos de suas crias por um momento e dizer-lhes com o coração o quanto os ama!

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Você está vivendo uma relação tóxica com seu filho(a)?

A diferença entre uma pessoa feliz que desenvolve todo seu potencial e outra que duvida de tudo pode ser encontrada em sua infância.

Neste artigo iremos falar sobre as relações tóxicas entre mães e filhos(as). No entanto, é bom lembrar que também há pais e avós tóxicos. São mestres em educar as crianças sem estimular o crescimento pessoal e a segurança. Com isso, entregues ao mundo no futuro, elas poderão ter sua independência física e emocional bastante prejudicadas.
O papel da mãe é quase sempre mais forte na educação dos filhos. É ela que define o vínculo de carinho e afeto com a criança que, com passar do tempo, irá sair de seus braços e seguir no mundo sabendo que tem uma mãe que a ama. Ela terá sempre a referência do amor incondicional dela, mas de forma saudável, pois amadureceu de forma inteligente.
As mães tóxicas oferecem um amor imaturo aos seus filhos. Projetam sobre eles suas inseguranças para se reafirmar e, assim, obter um maior controle sobre suas vidas e a de seus filhos.

O que está por trás da personalidade das mães tóxicas?

Por mais que soe estranho, por trás do comportamento de uma mãe tóxica está o amor. Agora, todos sabemos que quando se fala de amor, há dois lados da mesma moeda: uma dimensão capaz de promover o crescimento pessoal do indivíduo, seja a nível de parceria ou a nível familiar, e um outro lado, mais tóxico, onde um amor egoísta e interessado é exercido, por vezes de forma sufocante, que pode ser completamente destrutivo.

O fator preocupante é que as famílias que exibem estas artimanhas de toxicidade o fazem em crianças, indivíduos que estão em processo de amadurecimento pessoal, tentando estabelecer sua personalidade e desenvolver sua autoestima. Tudo isso vai deixar grandes lacunas nos filhos, grandes inseguranças que, por vezes, se tornam intransponíveis.
Vejamos as dimensões psicológicas delineadas das mães tóxicas:

1. Personalidade insegura

Às vezes, possuem uma nítida falta de autoestima e autossuficiência que as obriga a ver em seus filhos uma “salvação”, algo que devem modelar e controlar para ter ao seu lado, para cobrir suas deficiências.
Quando notam que as crianças estão se tornando independentes e capazes de construir suas próprias vidas, elas sentem uma grande ansiedade, pois temem, acima de tudo, a solidão. Portanto, são capazes de implantar “truques hábeis” para continuar mantendo-as por perto, projetando nelas, desde o início, sua própria falta de autoestima, suas próprias inseguranças.

2. Obsessão pelo controle

Essas mães têm o hábito de controlar todos os aspectos de suas vidas e passam a tentar fazer o mesmo na vida de seus filhos. Elas não conseguem respeitar os limites. Para elas, controle é sinônimo de segurança, algo que faz com que se sintam muito bem.
A parte complicada desta situação é que muitas vezes elas exercem esse controle pensando estarem fazendo o bem, demonstrando amor.
“Eu vou fazer a sua vida mais fácil,controlar suas coisas para fazer você feliz”
“Eu só quero o que é melhor para você e assim você não precisa errar”
O controle é o pior ato de superproteção. Com ele você evita que as crianças sejam independentes, capazes e corajosas. E impede que elas aprendam com seus erros.

3. A projeção dos desejos não realizados

“Quero que você tenha o que eu não tive”, “Não quero que cometa os mesmos erros que eu”, “Quero que você se torne o que eu não consegui me tornar”.
Às vezes, as mães tóxicas projetam em seus filhos os desejos não realizados de seus próprios passados, sem se perguntarem se é isso o que os seus filhos desejam, sem dar-lhes a opção de escolher. Pensam que assim estão mostrando um amor incondicional, quando, na realidade, demonstram um falso amor. Um interesse amoroso.

Como lidar com uma mãe “tóxica”?

Esteja consciente de que você tem que quebrar o ciclo de toxicidade. Você tem vivido muito tempo nele, sabe as feridas que isso lhe causou. Mas agora entenda que você precisa abrir as suas asas para ser você mesmo. Para ser feliz.Será difícil, mas você deve começar a dizer “não” para colocar suas necessidades em voz alta e aumentar suas próprias barreiras, aquelas que ninguém poderá ultrapassar.
Trata-se da sua mãe, e quebrar esse ciclo de toxicidade pode causar danos. Às vezes, dizer a verdade pode parecer prejudicial, mas é uma necessidade vital. Isso significa deixar claro o que você permite e o que não permite. Você não quer causar nenhum dano, mas também não quer mais sofrer; isso deve estar bem claro em sua mente.
Reconheça a manipulação; às vezes, ela é tão sutil que não nos damos conta, pois ela pode estar em qualquer palavra, em qualquer comportamento. E, acima de tudo, não caia na “vitimização” delas,um recurso muito utilizado pelas mães e pessoas tóxicas. Elas se mostram como as mais sofredoras, as mais feridas quando, na realidade, o mais ferido é você. Sempre mantenha isso em mente.
manipulação é outra cara do comportamento tóxico nos progenitores. A mãe costuma se fazer de vítima para gerar sentimentos de culpa em seus filhos, especialmente quando eles se tornam adultos e tomam suas próprias decisões.
As mães controladoras ou tóxicas ainda tratam seus filhos como se fossem crianças, negando o papel de adulto que eles possuem. O controle pode ir desde a escolha da roupa e do estilo pessoal até a forma como o filho deve falar. Esse comportamento se torna ainda mais crítico quando os filhos resolvem formar uma família. Elas querem ditar as regras na família, definindo como criar os netos, como preparar a comida e até mesmo em que momento deve-se, ou não, conceber mais filhos. E claro, a escolha da pessoa com quem seu filho viverá um dia será enormemente destoante de seu gosto… Por isso costumam desaprovar as decisões dos filhos.
____________________
Texto de A mente é maravilhosa, leia em: http://amenteemaravilhosa.com.br/page/3/
E vocês mães, como se sentem ao ler esse texto? Como se sentiram a respeito da relação que tiveram com os cuidadores em sua infância e o que NÃO deseja viver com as suas crias? Divida conosco seu ponto de vista!