quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Árvore da vida!

Amamentar é um momento único entre mãe e filho que nutre e fortalece o corpo do bebê, além de criar um vínculo entre os envolvidos. 
A fim de eternizar esse momento mágico, um aplicativo tem tomado conta das redes sociais nos últimos dias. Você pode transformar selfie de amamentação em lindas e encantadoras imagens. 
Com o aplicativo, é possível customizar os retratos com efeitos e artes, como a árvore da vida, fazendo sua brelfie (nome criado para selfie da amamentação, em inglês) e criar uma nova foto, cheia de encantamento. 
Além de criar lindas imagens, a ideia do app é também incentivar a amamentação, e combater preconceitos. Muitas imagens estão sendo compartilhadas nas redes sociais com as hashtags #TreeOfLife e #brelfie.


Mas...
Algumas mães que ainda não viveram o momento mágico da amamentação e não querem ficar de fora dessa brincadeira, e é por isso que trazemos para você aqui uma ideia: a mágica na foto para as futuras mães, para as grávidas. 





















Gostou? Com alguns passos simples você cria sua própria imagem:
  1. Baixe o aplicativo PicsArt;
  2. Para inserir o efeito da árvore da vida, basta baixar gratuitamente o pacote de adesivos “TreeOfLife”;
  3. Abra o app, clique em “editar” e, em seguida, selecione sua foto amamentando ou gravida;
  4. Adicione também uma imagem de bebê, você pode salvar essa imagem do bebê que disponibilizamos no post e colocá-la sobre seu ventre;
  5. Depois, clique no ícone “adesivo” e escolha uma árvore no pacote “TreeOfLife”;
  6. Gire a imagem ou o adesivo e ajuste o tamanho como desejar;
  7. Em seguida, clique em “Mágica” e escolha um dos efeitos.


Pronto! 
Compartilhe conosco sua foto encantada❤️

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Dar à luz: o maior gesto de amor da mulher.


Costuma-se dizer que dar à luz é como ter um encontro às cegas onde finalmente a mãe conhece aquele que será o amor da sua vida. Poucos gestos são ao mesmo tempo tão doloridos, sagrados e cheios de incríveis emoções como o parto, um momento vital que requer também um tratamento especial. Se a concepção foi um ato de amor, dar à luz deveria ser também igualmente cálido e amoroso.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que nas últimas décadas muitas mulheres se queixam de que o parto às vezes é demasiadamente frio, pouco humanizado e às vezes até traumático.

Não existe dor mais intensa que a de um parto, nem um amor tão profundo e puro como o de uma mãe para com esse recém-nascido que acaba de trazer ao mundo.

Vir ao mundo precisa ser, portanto, um gesto de amor. Convidamos você a refletir sobre isso.

Dar à luz, entre a dor, as emoções e os protocolos médicos

Dar à luz é um momento delicado tanto para a mãe, quanto para o filho. Se além disso considerarmos que nos últimos anos as gestações acontecem em idades um pouco mais adiantadas, tudo isso faz com que a atenção médica e as medidas de precaução sejam poucas para garantir um parto sem complicações.

Agora, deixando de lado que desde o início a atenção dos profissionais em um centro médico é essencial, uma coisa da qual muitas mulheres se queixam e que a própria OMS vem alertando faz já alguns anos são os aspectos que veremos a seguir e que deveríamos considerar.

Os partos são cada vez menos respeitosos

Michel Odent, um renomado obstetra defensor do parto humanizado, lembra que “o parto é amor e o ideal é propiciar que mãe e filho desfrutem desse sentimento desde o primeiro instante”. Agora, o que assistimos nos últimos anos é o seguinte:

O número de cesáreas vem aumentando de forma alarmante. Segundo dados oficiais, o Brasil é o campeão mundial em cesáreas (lembrando que as cesáreas substituem o parto vaginal sempre e quando exista risco de mortalidade materna ou perinatal).
Muitas mulheres declaram ter se sentido muito desconfortáveis durante o parto: estando expostas a muitos profissionais por meio do toque, o monitoramento, a depilação, os edemas, a indução ao parto através da ocitocina sintética ou sendo tocadas obrigatoriamente em posição de litotomia (de quatro) para dar à luz. Tudo isso faz com que sintam um elevado estresse diante desses protocolos pouco amorosos.
Também fica claro que cada mãe terá a sua própria experiência peculiar. Muitas terão aproveitado, mas outras guardarão uma lembrança um tanto apagada ou decepcionante onde não se propiciou, por exemplo, uma coisa tão essencial quanto o contato pele com pele do recém-nascido com a mãe.

Os partos humanizados ou como favorecer o vínculo emocional entre a mãe e o filho

Dar à luz é um momento doloroso e mágico que, por sua vez, está orquestrado por hormônios precisos e neurotransmissores que têm um fim muito específico. É preciso considerar que a nível cerebral acontece um cenário neurobiológico que ajudará a mãe a criar esse primeiro contato com o bebê para construir o vínculo.

Dar à luz não significa apenas trazer um filho ao mundo, também implica o nascimento de uma mãe.
Se a mulher se sente estressada ou assustada, tudo isso pode afetar, por exemplo, a qualidade do seu leite. Se o bebê, por sua vez, também sofre esse estresse, e se é separado prematuramente de sua mãe para ser levado ao “berçário”, também podem ocorrer pequenas mudanças metabólicas e cognitivas.

Nosso DNA espera essa união imediata entre a mãe e o filho, e se isto não acontece, o bebê pode interpretar o mundo “em que veio parar” como sendo um tanto hostil e frio. Por isso, vale a pena considerar uma série de orientações com as quais propiciar um parto humanizado onde possa se construir esse vínculo baseado no amor e em uma recepção calorosa.



Dicas do parto baseado no amor

Existem muitos tipos de parto, e não vamos entrar aqui se é melhor um parto sem medicação, com doulas ou em um hospital onde inclusive se facilita “programar” o nascimento da criança. O importante é, acima de tudo, não colocar em risco em nenhum momento os dois protagonistas desse acontecimento maravilhoso: a mãe e o filho.

Cada família é livre para escolher de que forma deseja trazer a sua criança ao mundo, mas vale a pena considerar estes simples aspectos:

A OMS defende o que se conhece como o “parto humanizado”, no qual a mulher tem o direito de escolher – sempre que não exista risco – a posição em que deseja dar à luz.
Deve-se propiciar um tratamento próximo, amoroso e íntimo para que a mãe se sinta confortável a todo momento.
Não se deve cortar o cordão umbilical imediatamente. Sabe-se que nele há centenas de células-mãe, nutrientes e diversas substâncias benéficas para o futuro desenvolvimento da criança que lhe servem de “vacina”.
Também não se deve romper a placenta que acolhe o bebê, já que este tecido continua enviando sangue rico em oxigênio. Se existe a oportunidade, sempre é melhor permitir a ruptura natural, já que desta forma se facilita, de forma tranqüila, o inicio da respiração pulmonar.
O recém-nascido deve ser colocado imediatamente em contato com sua mãe, pele com pele. Devem estar assim durante horas, já que dessa forma se combate o estresse, facilita-se o inicio da lactância, regula-se o ritmo cardíaco, a temperatura, a glicose no sangue, fortalece-se o sistema imunológico do bebê…

Para concluir, dar à luz não é um “ato médico” marcado por um protocolo adequado que evite qualquer risco, qualquer perigo. 

É preciso propiciar partos respeitosos e amorosos nos quais se favoreça o vínculo entre a mãe e o recém-nascido desde o primeiro momento.

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Texto de Valéria Amado, para "a mente é maravilhosa". 
http://amenteemaravilhosa.com.br/dar-a-luz-gesto-amor-mulher/

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Trate os seus filhos com cuidado porque são feitos de sonho.



A infância tem o seu próprio ritmo, a sua própria maneira de sentir, ver e pensar. Poucas pretensões podem ser tão erradas como tentar substituí-la pela forma como nos sentimos, vemos ou pensamos, porque as crianças nunca serão cópias dos seus pais. As crianças são filhas do mundo e são feitas de sonhos, esperanças e ilusões que se acumulam nas suas mentes livres e privilegiadas.

Há alguns meses saiu uma notícia que nos desconcerta e nos convida a refletir. No Reino Unido, muitas famílias preparam as suas crianças de 5 anos para que aos 6 possam fazer um teste, que lhes permite ter acesso às melhores escolas. Um suposto “futuro promissor” pode causar a perda da infância.

Hoje em dia, muitos pais continuam com a ideia de “acelerar” as habilidades de seus filhos, de estimulá-los cognitivamente, colocá-los para dormir ao som de Mozart enquanto ainda estão no útero. Pode ser que essa necessidade de criar filhos aptos para o mundo esteja a educar filhos aptos apenas para si mesmos. Criaturas que com apenas 5 ou 6 anos sofrem o stress de um adulto.


Os nossos filhos e a competitividade do ambiente

Todos sabemos que nas sociedades em mudança e competitivas são necessárias pessoas capazes de se adaptarem a todas as exigências. Também não temos dúvidas de que crianças britânicas que conseguem entrar nas melhores escolas, conseguirão amanhã um bom trabalho. No entanto, também é necessário perguntar …

Terá valido a pena todo o custo emocional? O perder a infância? O seguir as orientações de seus pais desde os 5 anos?

As crianças são feitas de sonhos e devem ser tratadas com cuidado. Se lhes dermos obrigações de adultos enquanto ainda são apenas crianças, arrancamos-lhes as asas, fazendo-as perderem a sua infância.


A curiosidade é a maior motivação do cérebro de uma criança, por conseguinte, é conveniente que os pais e educadores sejam facilitadores de aprendizagem, e não agentes de pressão. Vejamos agora abordagens interessantes sobre a  parentalidade que respeita os ciclos naturais da criança e suas necessidades.


Pais sem pressa – Slow Parenting

O “Slow Parenting” (pais sem pressa) é um verdadeiro reflexo dessa corrente social e filosófica que nos convida a desacelerar, a sermos mais conscientes do que nos rodeia. Portanto, no que se refere à criança, promovemos  um modelo mais simplificado, de paciência, com respeito aos ritmos da criança em cada fase de desenvolvimento.

Os eixos básicos que definem o Slow Parenting serão:

  • A necessidade básica de uma criança é brincar e descobrir o mundo;
  • Nós não somos “amigos” de nossos filhos, somos suas mães e pais. Nosso dever é amá-los, orientá-los, ser seu exemplo e facilitar a maturidade sem pressão;
  • Lembre-se sempre de que “menos é mais”. Que a criatividade é a arma dos filhos, um lápis, papel e um campo têm mais poder do que um telefone ou um computador;
  • Compartilhe tempo com seus filhos em espaços tranquilos.

Parentalidade respeitadora / consciente

Embora o mais conhecido desta abordagem seja o uso de reforço positivo sobre a punição, este estilo educativo inclui muitas outras dimensões que valem a pena conhecer.

  • Devemos educar sem gritar.
  • O uso de recompensas nem sempre é apropriado: corremos o risco de nossos filhos se acostumarem a esperar sempre recompensas, sem entenderem os benefícios intrínsecos do esforço, realização pessoal.
  • Dizer “não” e estabelecer limites não vai gerar nenhum trauma, é necessário.
  • O forte uso da comunicação, escuta e paciência. Uma criança que se sente cuidada e valorizada é alguém que se sente livre para manter os sonhos da infância e moldá-los até a idade adulta.

Respeitemos a sua infância, respeitemos essa etapa que oferece raízes às suas esperanças e asas às suas expectativas.


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Texto disponível em: https://goo.gl/Y8mQNA.



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Vacinas: um mau necessário?

O quesito vacina é um dos que mais possui controvérsias em grupos de discussão materna.

Vacinar ou não o bebê?

Antes de continuar a leitura deste texto, quero apenas esclarecer que a escolha de vacinar ou não sua criança é única e exclusivamente sua. Há milhares de argumentos prós e contras, por isso eu, particularmente, não vim aqui trazer-te uma “verdade absoluta”.

O ponto crucial é que com o pouco de experiência que possuo enquanto cientista acadêmica tive acesso à inúmeros componentes existentes em vacinas que não são suficientemente estudados para nos garantir apenas vantagens das mesmas... Quero apenas com esse texto despertar em você a curiosidade de buscar e discutir o que pode ser melhor para essa nova sociedade que estamos construindo. Porque penso que não é óbvio dar vacinas só porque sim! 

Uma das grandes discussões sobre a vacinação se refere às vacinas recentes, pouco testadas e em muitos casos trazidas por grandes lobbys farmacêuticos.

Pessoalmente, eu penso que a maior questão sobre certas vacinas deveria ser QUANDO aplicá-las. Em nosso caso, o Rudá tomou as vacinas obrigatórias* (aqui na França) a partir do 6º mês. Em uma conversa com o médico dele chegamos à conclusão de que seria mais importante que nos primeiros seis meses ele desenvolvesse sua defesa imunitária sem os interferentes químicos das vacinas. Aqui na França também tem toda uma questão de lobby dos laboratórios. Foi uma luta conseguir as vacinas “obrigatórias” separadamente. Os laboratórios fabricam doses com 5 ou mais tipos de vacinas, nos obrigando assim aplicar todas e pagar bem mais caro por isso. Mas isso é outra questão que para quem se interessar podemos discutir em outro texto.

As crianças já têm um sistema imunológico funcional, eles não nascem, portanto, completamente indefesos (ao contrário do que a publicidade nos quer fazer crer), mas este sistema precisa de tempo para amadurecer e um bom estilo de vida a evoluir melhor. Ou, como se diz no mundo dos negócios, tempo é dinheiro! É por isso que a tendência é para vacinar o mais rapidamente possível, até mesmo no momento do nascimento.



Mas, voltando ao que interessa...

Algumas vacinas protegem contra doenças muito graves. Doenças como o tétano e a meningite, quando acontecem na infância são muito graves e até letais. Vamos pegar como exemplo, a meningite por pneumococo (que é mais grave do que a meningocócica). Ninguém gostaria de ter o filho acometido por uma doença que tem complicações muito graves como o abscesso cerebral e seqüelas permanentes do desenvolvimento neuro-psico-motor da criança.

É uma questão de por na balança: o risco de se contrair uma doença horrorosa destas é pequeno. (Mas quando ela acontece, é grave demais) VERSUS o risco de se apresentar um evento adverso da vacina que protege contra aquela doença (mas que não é tão grave quanto a doença em si). E, além de tudo, pode ser evitado ou amenizado com o uso da homeopatia.

Além disso, é bom lembrar que a partir do momento que um cientista cria uma vacina, ele a entrega ao pessoal da saúde pública e vai estudar outra coisa... Ou seja, pouco se sabe sobre a ação das vacinas no corpo humano.

Num país onde a quase totalidade das doenças infecciosas foi controlada, como é o caso dos Estados Unidos, o questionamento das vacinas começa a ser traduzido em números que expressam a repercussão social do problema. Um quarto das famílias americanas, segundo pesquisa do Centro Nacional de Informações sobre Vacinas, já se pergunta se o sistema de defesa das crianças não fica enfraquecido por conta de tantas vacinações. Afinal, são quase dez doses apenas nos primeiros seis meses de vida e 22 tipos de vacinas aplicadas antes da idade escolar. Outros 19% dos americanos põem em dúvida a própria eficácia das vacinas na prevenção de doenças.

Pelo menos uma coisa a gente sabe: em se tratando de vacinas, um dos pilares dos programas de saúde pública em quase todos os países, será necessário mais tempo até que todas as dúvidas sejam esclarecidas e as opiniões hoje antagônicas e exaltadas convirjam para um novo entendimento. Não há resposta fácil. Mas o ponto é que há dúvidas e desconfiança onde antes parecia só haver certezas e tranquilidade. E o debate está apenas começando.

Deixo uma dica de leitura do biogenista Fernando Travi, que é fundador da Sociedade Biogênica Brasileira. 
http://super.abril.com.br/ciencia/vacina-assassina

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

RÓTULOS: pra que(m) servem?

Todos já falamos frases como essas acreditando sinceramente que era mera constatação, na verdade, mesmo sem intenção, estamos verbalizando nosso julgamento moralizador. Julgamos cada comportamento da criança e depois de um período resumimos essa contabilidade em um rótulo. Qual o problema nisso?

Os rótulos impedem a conexão humana. Até entre adultos, a partir do momento que você rotula alguém, deixa de se relacionar com a pessoa para se relacionar com o rótulo. Um exemplo: se um funcionário de uma empresa rotulado como preguiçoso deixar de fazer uma tarefa, é provável que seu chefe não queira nem saber as razões dele. O chefe simplesmente sustentará esse rótulo, perdendo a oportunidade de saber que a razão não foi preguiça, mas esquecimento.  O funcionário estava tão feliz porque a esposa passou num concurso que esqueceu da tarefa. Ao considerar que já sabia o motivo da falha, o chefe perdeu uma oportunidade de se conectar com seu subordinado, enxergando-o como um todo, além de parabenizar a esposa dele e, talvez, até se contagiar pela felicidade alheia.


Quando rotulamos a criança, existe o agravante dela estar num lugar duplamente vulnerável. Primeiro, ainda está tentando construir uma imagem de si mesma e imagine qual o tamanho da influência da opinião dos pais nessa identidade em formação. Segundo,  a criança tem uma tendência natural de querer agradar o adulto. Você pode não perceber, mas quando chama seu filho de teimoso, você cria uma expectativa que ele se comporte assim e ele irá se comportar assim para  atender a essas expectativas.

Qual o problema então dos rótulos “positivos” como “bonzinho”, “super inteligente”? Eles também viram um peso, também é uma expectativa a ser atendida. E se naquele dia ele não estiver se sentindo tão bonzinho? Será que os pais o amarão igual?

E se for um rótulo neutro, tipo “curioso”? Novamente há expectativa a ser atendida que vai provavelmente limitar que  a criança explore outras características. Por ser conhecida como curiosa, pode deixar de se descobrir como esportista,  por exemplo.

Montessori pede aos adultos que esqueçam seus julgamentos, apenas observem.

Sob os olhos de um adulto preparado em Montessori, uma criança que canta enquanto caminha não é uma criança indisciplinada, nem é uma criança errada. Ela é uma criança que canta enquanto caminha – Lar Montessori


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Mãe, você duvida de si mesma?


Nós mães temos sido levadas a duvidarmos de de nós mesmas.
Não era pra ser normal essa necessidade crescente de apoio profissional para gestar, parir e amamentar. Se não temos uma chancela "autorizada", não nos achamos bastante para tomar essas - e outras iniciativas. 

Passamos toda a gestação com muitas dúvidas, parimos muitas vezes da forma que não desejávamos, e por falta de apoio (prático, e não profissional) frequentemente não conseguimos amamentar prolongadamente.

Nós nos questionamos, duvidamos de nós mesmas. Mas, será que estamos nos fazendo as perguntas certas? 
Quanto aos profissionais aos quais depositamos nossa confiança: será que ele (ou ela) acredita e defende a autonomia da mulher? Acredita e defende a amamentação? Será que teve um bom vínculo com sua mãe/pai? Suas opiniões são isentas de ressentimentos? Quando me aconselha a não pegar meu filho no colo para que se torne "independente", está baseando-se em quais argumentos? Por que nós devemos conceder a um estranho o poder sobre nossas atitudes e nossas vidas?

E por que nós duvidamos da nossa intuição?
Por que não conseguimos nos calar e ouvir nosso coração?
Por que muitas vezes agimos contra nossas convicções e ficamos com aquele gosto amargo de arrependimento?

Essas são umas das questões que deveríamos fazer a nós mesmas. 
Nós precisamos nos calar, olhar pra dentro. Ouvir nossos corações. 
A maternidade é natureza, é intuição, é instinto. 

Se você se sente angustiada e deseja trabalhar essas questões, compartilhe suas questões conosco em nossas redes sociais ou através do nosso e-mail! 
Será um prazer enorme ajudá-la!
Conte conosco!

Com carinho,
Carol Daussat - depois que pari. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Uma etapa única e importante de um pai.


Enquanto pai você poderá tecer uma ligação forte com seu bebê portando-o em seus braços, fazendo-o uma massagem, dando um banho, ao passear e brincar com ele, cantando, abraçando-o e conversando com o seu bebê, enfim, vivendo dia-a-dia ao lado desse novo ser que compõe sua família. Ao viver momentos como esses ao lado do seu bebê, a produção de hormônio que favorece o apego é estimulada. 

Seu papel é também essencial para a amamentação do seu bebê, pois você é a principal fonte de apoio à mãe da criança. Você deverá igualmente estar ao lado dela, apoiá-la, face aos olhos e aos eventuais conselhos de terceiros. Posicione-se favoravelmente à sua parceira, independente da escolha dela. 

A sua presença e paciência são preciosas durante as primeiras semanas, um período de grande mudança na vida de quase todas as mulheres recém paridas. Pode até acontecer que você se sinta frustrado da relação de sua companheira com o bebê. Permitir sua companheira de viver essa relação plenamente, tanto possível, trará um impacto inestimável para toda família. A mãe estará dentro de uma bolha com seu bebê; mas estará rodeada do seu amor e sua atenção e assim vocês formarão uma bolha à três. 

Acolher um serzinho totalmente dependente dos pais representa uma mudança importante na sua vida de homem e na vida do casal. As necessidades do seu bebê serão geralmente o centro da atenção e preocupação de vocês. A vida com um bebê é geralmente intensa, mas é também muito rica. Aproveite plenamente desses momentos que serão de saudades no futuro. 



Com um pouco de criatividade, vocês encontrarão ideias para passar pequenos momentos "enamorados". Tenha expectativas realistas e muita paciência. Ocupar-se de um bebê é super cansativo. Sua participação prática, palavras doces, uma massagem... Pequenas atenções reforçarão e irão favorecer a relação de vocês e um ambiente relax! 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Você dá muito colo ao seu bebê? Será que está certo?


Bebê não vicia com colo.

Ele precisa absolutamente dos braços da mãe, do seu calor, e até da sua respiração e seus ruídos viscerais. 

A mãe precisa de sossego e apoio emocional para assumir seu lado animal. Lamber a cria e embalar o bebê nos braços fortalecem o vínculo e dão confiança e bem-estar  a ambos. 
Um bebê vinculado à mãe chora menos, quase não tem cólicas e aprende a respirar melhor. 
Bebês são seres incompletos, com sistema nervoso imaturo. Eles não têm noção de si e são ESTRITAMENTE DEPENDENTES de um cuidador. Esse é o aspecto que costuma desencadear pitacos e conselhos fora de hora. 

Se o bebê não ficar no colo da mãe, vai pra onde? Isso é uma necessidade vital! 

A mãe é essencial para o bebê, mas essa mãe precisa de apoio, por isso para criar um bebê é preciso uma comunidade inteira. 
E por isso que parir é um ato político-social! 


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O parto, a água e o feminino sagrado.


Texto de Sara do Vale. Mãe, artista, doula e ativista pelos direitos da mulher. 
A água tem sido desde tempos imemoriais associada às emoções. E talvez por ser tão variada, conforme a estação do ano ou o ambiente que a rodeia (se este é acidentado ou liso, profundo ou rasteiro, a direito ou sinuoso) a água é muitas vezes comparada às mulheres.
Cíclica, sensível, adaptável, preciosa, geradora da Vida. Na mitologia antiga dos países mais diversos, em muitas civilizações que não sabiam umas das outras, as divindades que representavam a água eram muitas vezes femininas.
Chalchiuhtlicue deusa azteca das águas; Eingana na mitologia aborígena da Austrália, a Mãe de Todos; Acionma (Gaulish) divindade celta; Tefnut no Egipto; Namaka do Hawaii; Ganga da Índia; Vedenemo da Finlândia; Anahita da Pérsia; Ashrah da Mesoptâmia, e Iemanjá do Brasil… entre tantas outras.
Por vezes esta “Mulher Água” é calma e introvertida como um lago solitário, outras é revoltada e agitada como um oceano na tempestade.
Clarissa Pinkola Estés no seu livro “Mulheres que correm com os Lobos”, compara a Água à criatividade feminina. Não apenas no ponto de vista da criação artística mas na Criatividade, na capacidade de Criar que pode habitar todas as partes da nossa vida. Pode ser expressa no criar de um filho, nas tarefas que nos dão prazer, na alegria de ter um tempo só para nós, na força de apoiarmos uma causa que nos é querida.
“O rio da Mulher Selvagem alimenta-nos e faz com que nos tornemos seres semelhantes a ela: a que dá vida. Produzimos rebentos, florescemos, dividimo-nos, multiplicamo-nos, impregnamos, incubamos, comunicamos e transmitimos. Já que a Mulher Selvagem é Rio Abajo Rio, o rio por baixo do rio, quando ela corre dentro de nós, nós corremos. Se a abertura dela até nós for bloqueada, nós ficamos bloqueadas. Passamos então a ser como um rio que morre. Isso não é uma coisa ínfima a ser ignorada. A perda do nítido fluxo criador constitui uma crise psicológica e espiritual". 

Que mensagem passa a nossa Cultura, quando nega a todas as mulheres sem excepção, a possibilidade de poder parir de forma natural, apoiada, gratuita, na água? Um método que protege de intervenções desnecessárias e que coloca a mulher no centro do acontecimento, (literalmente! já viram o espaço que ocupa uma piscina de partos?). Um método que permite um espaço onde só está a mulher, o seu bebé que está a nascer, e o seu parceiro. Onde mais ninguém pode entrar. Podem ajudar, podem assistir, podem maravilhar-se na presença de algo precioso que decorre diante dos seus olhos, mas naquela “bolha”, naquele vórtex de criação, naquele momento só está ela, a Mulher, e a sua pequena família.
Que mensagem passa esta cultura que prefere decidir sobre o que é feito ao corpo das mulheres, a ouvir o que estas estão a comunicar, quando sabem daquilo que precisam? O que eu ouço é: “O que tu sentes e queres não importa. Quem manda sou eu e não há nada que possas fazer em relação a isso”.
Para mim, a questão do Parto na água é um símbolo por excelência do triunfar da natureza selvagem das mulheres. O Parto, é a questão feminina e feminista por excelência. Porque toda a discriminação sofrida nos outros campos pelo Feminino, provém desta nossa capacidade de gerar e parir. E se nesse ponto não há respeito, então não o teremos em mais área nenhuma da vida.
Mas alegremo-nos. A água é silênciosa e delicada, mas também fugidia. E corre, escorre e não se consegue parar o seu curso. Ela arranja sempre forma de jorrar, encontra algures uma brecha, um buraquinho e quando contida durante tempo demais, rebenta com a barragem.

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Texto disponível em: maesdagua.org.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Prolapso de cordão: o terror obstétrico.


O Grito - Edvard Munch

Assim que uma mulher grávida menciona a ideia de dar à luz fora de um hospital, um exército de pessoas bem-intencionadas, começando com ginecologistas e obstetras, são rápidos para mencionar todos os infortúnios que podem ocorrer  no nascimento. Usando o argumento do parto quiabo, os mesmo irão enumerar uma lista de complicações possíveis, com a única intenção de aterrorizar a futura mãe. 

E, se porventura, a mulher está decidida e cheia de informações, se posiciona em relação a possíveis imprevistos, possui uma equipe de parto humanizada responsável e competente, se preveniu sobre primeiros socorros, os termos de uma possível transferência a um hospital ou maternidade... Em seguida vem então a pergunta final: "E o que você faz em caso de prolapso de cordão?"

Bem, falar sobre prolapso de cordão.

Esta é a situação em que o cordão umbilical passa pelo colo do útero e pela vagina antes do feto. O cordão é então comprimido entre os ossos da pelve materna e o crânio do bebê, o que impede a troca entre a placenta e o bebê, incluindo a oxigenação. Esta é uma complicação muito grave, uma vez que o sofrimento fetal agudo pode levar rapidamente à morte do bebê. Uma cesariana de emergência é necessária para salvar a criança, ou uma extração rápida, com auxílio de instrumentos se o bebê já está prestes a sair.

Prolapso de cordão é raro. 

O prolapso de cordão é certamente grave, mas extremamente raro. Cerca de 1 e 2 casos ocorrem em 1.000 nascimentos.

Quando os fatores de risco são examinados detalhadamente, a probabilidade de enfrentar essa complicação no parto em casa ou em casa de parto é muito menor. Alguns dados mostram que houve prolapso de cordão em casos como apresentação pélvica (40%), para bebês prematuros (30%) e para gêmeos (20%).

A gravidez em que o bebê está de cabeça para baixo, ou seja, aquela para o qual o nascimento em casa não está excluído, representa apenas 10% dos casos desta complicação. Os riscos para esta classe de parto, portanto, giram em torno de 1 e 2 por 10.000 nascimentos.

Alguns fatores de risco podem ser identificados antes do parto, como um excesso de líquido amniótico (polihidrâmnio) ou uma placenta ligado ao colo do útero (placenta prévia). Nestas situações, no entanto, notou-se uma pequena percentagem desta complicação.

Apesar disso, muitos casos de prolapso de cordão são causados ​​por manobras obstétricas. Este é o caso da ruptura artificial da bolsa amniótica, o que representa 42% dos incidentes. Outros atos tais como a tentativa de girar o bebê através da manipulação do útero ou o uso de um balão inserido no colo do útero para induzir o parto, são citados como causadores desta complicação. Esses atos não são executadas em casas de parto nem à domicílio. A probabilidade desta complicação, portanto, cai para 1 a 2 por 20.000 partos de mulheres que dão à luz fora do hospital.

Gostaria de saber se a mobilidade das mulheres durante o parto teve um impacto positivo ou negativo sobre o risco de prolapso de cordão. Na verdade, o que acontece se a mãe é imobilizada de costas, com a parte inferior do corpo paralisada com uma epidural, suas contrações artificialmente ativadas por oxitocina sintética e é condenada a "empurrar" horizontalmente p bebê contraindo músculos abdominais sob as ordens de um médico? O resultado é diferente se a mulher estiver livre para se mover, adotar as posições mais confortáveis ​​de acordo com as necessidades de seu corpo e deixando o útero contrair o mais natural possível?

E quando prolapso de cordão  ocorre?

Embora o risco de prolapso de cordão sejamuito baixo, especialmente em casa ou em casa de parto, quais são as chaces do bebê sobreviver quando a complicação ocorre? Ao contrário do que o corpo médico nos faz acreditar, nem todos os bebês morrem em casa e nem todos são salvos no hospital.

Quando esta complicação é detectada em casa, uma técnica utilizada pela parteira é empurrar o bebê e o cordão para o útero e organizar a transferência de emergência para o hospital para uma cesariana. Para evitar que o cordão desça novamente na vagina, a mãe adota uma posição em que o colo do útero esteja alto, por exemplo, colocando-se de quatro com o quadril para cima e os ombros no chão. Para aumentar as chances de que o coedão permaneça no útero até a sala de cirurgia, a parteira pode colocar a mão na vagina para bloquear a passagem. Esta prática é suportada pela literatura científica. Não há estatísticas disponíveis sobre a taxa de sobrevivência infantil, infelizmente, mas os testemunhos de pais e parteiras que enfrentaram tal complicação mostram que esta técnica salvou crianças e que hoje são saudáveis. 

Quando o prolapso de cordão ocorre no hospital, as chances de sobrevivência dos bebês não são totais. Entre 6% e 10% delas morrem. Os estudos não mencionam as razões para as mortes ou fatores agravantes, a não ser o risco que aumenta consideravelmente caso a paciente não receba atendimento o mais breve possível. Estes atrasos são eles próprios muitas vezes ligados à organização dos hospitais, onde obstetras sobrecarregados de trabalho se dividem de uma mulher em trabalho de parto e outra, abandonando à sorte das mães durante longos períodos, observando remotamente através de equipamentos, então, quando a luz ficar vermelha, organizando uma comoção de combate para enfrentar uma emergência inesperada.

A partir do momento em que metade dos casos de prolapso de cordão está diretamente relacionada com ações desnecessárias de médicos e hospitais, que a organização não oferece aconselhamento individual para as mães para reagir numa fase precoce de complicação, não é tão óbvio que, mesmo para uma complicação muito grave, o parto em casa ou parto em casa de parto extra hospitalar seja mais arriscado.

De qualquer forma, seja qual for o nível de risco, e apesar da excitação e alerta dos obstetras para  o prolapso de cordão para aterrorizar mães, é à mulher que, em última análise, cabe a decisão de determinar o lugar onde ela se sente mais segura para colocar seu filho no mundo.


Fontes:

Alouini S., Mesnard L., Megier P., Lemaire B., Coly S., Desroches A., Management of umbilical cord prolapse and neonatal outcomes, Journal de Gynécologie Obstétrique et Biologie de la Reproduction, vol. 39, n° 6, pp. 471-477, octobre 2010.
The Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, Umbilical Cord Prolapse, Green-top Guidelines n° 50, novembre 2014.
Sharon T. Phelan MD, Bradley D. Holbrook MD, Umbilical cord prolapse. A plan for an ob emergency , Contemporary OB/GYN, 1er septembre 2013.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Semana Mundial Aleitamento Materno 2016



Este ano a SMAM – Semana Mundial de Aleitamento Materno tem como tema desenvolvimento e sustentabilidade.

Que tal falar de sustentabilidade a partir de nossas responsabilidades? Amamentar, além de um ato de amor e alimento é também um momento de compartilhamento, e compartilhar é sustentável. Para amamentar é preciso ter apoio, dividir responsabilidades. E os companheiros podem e devem participar desse momento que pode ser mágico também para eles. 

Sempre defendemos a amamentação. Mas sabemos que não é fácil. Não é só colocar o bebê no peito e pronto! Com exceção de algumas privilegiadas que puderam contar com esta sorte, todas as demais passamos por um processo de aprendizado e perseverança junto com nossos bebês, para conseguir amamentar. É o inicio do relacionamento, é a primeira tarefa conjunta, faz parte da formação dos vínculos. Além, é claro de todas as outras vantagens que o aleitamento materno traz, para o bebê e para a mãe.

Então, se você é o pai, o companheiro, mora junto, é amiga, madrinha, vovó… participe. Não considere como feito, não ache que é tudo simples. É preciso apoio. Para o bebê mamar, todo mundo tem que ajudar! 

E a boa notícia é que, depois de um período de adaptação, vai ficar fácil. Assim como todas as coisas construídas em conjunto: todos trabalham para construir, todos podem aproveitar os resultados.
Porque assim como diz um ditado africano: é preciso uma aldeia para cuidar de uma criança. Hoje vivemos em sociedade, mas uma sociedade que preza o individualismo, que aprisiona famílias em seus minúsculos apartamentos e com tudo isso a mulher se vê sempre só e sem apoio. 


Façamos um presente saudável e um futuro sustentável! 

sábado, 16 de julho de 2016

Vamos aprofundar nosso diálogo?


Na próxima semana, 21/7/16, eu estarei rodeada de mães e puérperas capixabas para um bate papo sobre um tema que pouquíssimo se fala entre nós. 

Eu estou preparando tudo com muito carinho e tenho certeza que passaremos um momento muito agradável juntas. 

Tudo o que me aconteceu "depois que pari" tem contribuído enormemente para esse desejo em partilhar com outras mães o que vivemos no pós parto, nesse mundo da maternidade que aos olhos da sociedade se mostra apenas rosa. 

Vamos falar sobre a memória traumática e gravidez e como nos liberar para estarmos plenas e empoderadas para o parto ou a quem nos apoiar no momento hard do puerpério. 


Viver uma gravidez é uma oportunidade de renascimento, é poder trazer pra fora tudo o que estava dentro. 
A gravidez nos permite acesso a uma seção de nossa memória que passa boa parte da vida adormecida. Esse momento é, portanto, um privilégio para tomarmos consciência e nos liberarmos de traumas do passado. 

Sermos mais conscientes é a base para uma boa ligação entre mãe/pai - bebê. Ter uma relação saudável é um instrumento eficaz na prevenção de violência e traumatismos, bloqueando, inclusive, a repetição da transmissão geracional. 

Por isso, mãe, libere-se, empodere-se. Criemos uma relação mais leve e saudável conosco mesmas e com o próximo. 

Se você não é de Vitória e gostaria de saber mais sobre essa roda de conversa ou sobre o assunto, mande-nos uma mensagem. Será um prazer dividir com você também de longe esse momento. 



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Uma conversa com Michel Odent, símbolo da defesa do parto natural.

Eu passei mais um final de semana ouvindo as preciosidades de Michel Odent. 
Para quem não conhece, Michel é um médico francês conhecido pelos conceitos de sala de parto como casa e da utilização das piscinas de parto. Fundador do centro de pesquisa: Primal Health Research Center em Londres. Ele defende a “mamiferização” do parto, que é como chama o conjunto de ações que fazem com que o nascimento respeite as condições inatas da mulher.


Eu bati um papo com ele que com muita paixão falou do seu assunto favorito.

Eu sempre vejo você falando de parto, nascimento e etc, e visto que estamos pertinho do seu aniversário, eu queria saber como foi o seu nascimento, como pariu a sua mãe?

Nasci em casa, em 1930, com a única parteira do vilarejo. Meu pai estava em casa, mas não entrou no quarto. Eu sou o filho mais velho e, de acordo com a minha mãe, o dia do meu nascimento foi o mais feliz da vida dela. Ela teve a primeira contração às 22h e eu nasci à meia-noite. Eu acho que minha avó estava presente para proteger a minha mãe. Naquela época o parto era uma coisa de mulher. O pai não entrava no quarto.

O que você sugere que tenha acontecido com a espécie humana que parece estar esquecendo como parir?

Eu me sinto tentado a dizer que o que caracterizou a história do parto na segunda metade do século XX foi a masculinização do ambiente. Sem falar das consequências, podemos dizer que o que está associado a esse fenômeno é o fato de haver partos cada vez mais difíceis. Num período tão curto as mulheres já perderam (de certa maneira) a capacidade de parir por elas mesmas, segue a mesma lógica para a amamentação.

Quando a gente passa a se servir cada vez menos de um sistema fisiológico, ele se enfraquece de geração em geração. É o caso do sistema de ocitocina. Hoje para botar no mundo um bebê, as mulheres não necessitam mais secretar esse hormônio, elas recebem através de uma perfusão uma substância sintética ou ainda são submetidas a cesarianas. Com relação às intervenções e induções do parto há muito ainda a se falar, isso vamos deixar pra depois. (risos)


Com relação a evolução da nossa espécie o que você caracteriza como mais importante?

Hoje, para aqueles que se interessam na evolução do Homo sapiens, a evolução dos genes de nossa espécie, eu não vejo um assunto mais importante do que a possível degradação - nesse momento pode parecer apenas uma suspeita – dos sistemas fisiólogicos essenciais, como o sistema de ocitocina, essencial para a socialização, essencial para todas as facetas da capacidade de amar.

O que nos explica a fisiologia moderna é que o parto é um processo involuntário, sob a dependência de estruturas cerebrais arcaicas que temos em comum com os outros mamíferos. A fisiologia nos ajuda a compreender que a gente não pode ajudar em um processo involuntário, mas a gente pode incomodar, inibir, embaraçar; e o que mais inibe um parto na espécie humana, o que paralisa o ser humano dentro de um processo involuntário como o parto, é a atividade do cérebro que pensa, o intelecto. Não é o trabalho dessa parte do nosso cérebro parir. Isso nos permite compreender que a palavra chave quando falamos de parto é: proteção. É preciso proteger a mulher que está em trabalho de parto. Protegê-la contra tudo que possa estimular o seu cérebro intelectual.

Hoje nós estamos numa situação completamente nova: a fisiologia moderna nos oferece a compreensão de um parto, que é radicalmente diferente do nosso condicionamento cultural.

O que e como poderíamos tornar o parto mais fácil?

Quanto mais máquinas, especialistas por perto e iluminação, menor a segurança da mulher no momento em que ela precisa estar tranquila para dar à luz. O bebê deveria ficar com a mãe assim que nasce e ser amamentado na primeira hora de vida. Sempre lembrando que somos animais, o obstetra fala sobre a fisiologia do parto, sobre os hormônios e substâncias ligadas ao nascimento e ao medo, que podem causar dor.

É isso que torna fácil o parto para a espécie humana: quando colocamos o neocortex para descansar, nós temos muito mais similaridades com os outros mamíferos que parem mais facilmente do que os seres humanos.


Apenas para concluir e fazendo um paralelo no sentido oposto com os outros mamíferos, sabe essa raça de cachorros buldog, procure saber sobre ela, esses animais perderam sua capacidade de parir por si mesmos, imagina? 

Michel, eu e Liliana Lammers

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Parteiras ou bruxas? A sabedoria ancestral.


Do século XIV ao XVII, uma imensa caça às bruxas foi instaurada e milhares de mulheres, parteiras e benzedeiras, foram presas, queimadas e mortas. Com o desenvolvimento da ciência, essas mulheres acompanhantes de famílias do nascimento até a morte não agradavam à igreja, queria manter o seu controle. Elas eram presas por heresia ou bruxaria. No mesmo momento a medicina se desenvolvia e interditava o acesso a essa formação universitária por mulheres. Através da caça às bruxas, e denunciando as práticas medicinais não profissionais como sendo uma heresia, a igreja legitimava oficialmente o profissionalismo da medicina. Uma mulher que ousava praticar a medicina sem ter estudado era rotulada de bruxa e merecia morrer. Lembrando aqui que as mulheres eram PROIBIDAS de ter acesso aos estudos universitários.

No século XV, barbeiros-cirurgiões passam a se interessar pelos partos. Eles eram os únicos que aceitavam intervir para extrair com urgência um bebê. Na Inglaterra, eles passam a atacar as parteiras declarando-se superiores a elas pelo fato de usarem o fórceps.
Essas mulheres que asseguravam o nascimento, desde as sociedades antigas, foram pouco a pouco excluídas no mundo ocidental. A palavra obstetra surge pela primeira vez em 1800: uma ciência masculina começa a dominar a prática feminina ancestral.

No século XIX se desenvolvem uma séria de maternidades hospitalares, com uma história dramática de infecções puérperas e de mortalidade materna e infantil: atos invasivos para o acompanhamento do parto se multiplicavam (toques vaginais, instrumentos e exames diversos), a falta de higiene, a proximidade com doentes e fraqueza e sensibilidade de algumas mulheres, muitas vezes pobres e subnutridas explicam essa carnificina. A maior parte das mulheres entre o século XVIII e início do século XX não desejavam parir em hospitais devido à alta taxa de mortalidade materno e infantil.

Ignace Semmelweis, um jovem médico de Viena, no início do século XIX, propõe lavar as mãos com antisséptico antes de fazer exames em pacientes, pois pra ele parecia evidente que as febres poderiam ser contagiosas. Ele foi rejeitado e excluído pelos seus colegas médicos.
A pedido de mulheres da alta burguesia, as parteiras continuavam a realizar partos a domicílio, onde havia menos intervenções e menos riscos de infecções. Mas o poder médico se instalava, e apesar de tudo, esses profissionais conseguiram impor uma tutela às parteiras que agora eram submissas aos obstetras/cirurgiões e deveriam trabalhar nas maternidades. As medidas de assepsia se desenvolviam e com a descoberta de antibióticos tornam o parto e outras intervenções, como uma cesariana, menos perigosas.

E a partir de 1920, as mulheres são dirigidas aos hospitais para parir. A medicalização do nascimento está a caminho: as mulheres se encontram submissas ao poder medical. As grandes unidades hospitalares banalizaram e desumanizaram o nascimento, um evento completamente FISIOLÓGICO. A mulher não tem mais a capacidade de dar a luz pelos seus próprios meios, ela não é mais escutada nem apoiada. Ela se torna incapaz e deixa de ser protagonista do parto. Ela se encontra sozinha e submissa a protocolos agressivos e inumanos: ela é despida, depilada, submetida à lavagem, deve se deitar de costas sobre uma mesa fria e dura, com os pés elevados, muitas vezes amarrada, imóvel ou mesmo anestesiada. Esses processos foram evoluindo ao passar dos anos todos em nome da ciência e da assepsia.

Se a mulher se sente mal, está inconfortável, grita ou quer se movimentar, ela será obrigada a calar-se. São proferidos comentários grosseiros e humilhantes da parte dos médicos ou do pessoal técnico.


Nesse contexto hospitalar, o bebê é separado de sua mãe desde o nascimento para passar por vários protocolos diferentes e (quase) sempre desnecessários.