
Esse é um texto desabafo/informativo.
Já é sabido por todos, ou ao menos todas as mães, que após esse lindo acontecimento: tornar-se mãe, nós passamos também por infinitos questionamentos, dúvidas, medos, inseguranças e contradições.
Um dos mais recorrentes sentimentos é o de insegurança, medo de não estar fazendo tudo certo, além claro da famosa e indesejável culpa. Se o bebê tem cólica é porque comemos algo que não devia, se não chora há algo estranho, se chora é fome e já achamos que nosso leite não o sacia suficiente, e se damos "muito" colo então, nossa, fim dos dias felizes, por que estamos prestes a criar um monstrinho mimado e dependente (possui ironia)!
E a solidão? Preciso também citar essa. Já vi mães realmente sozinhas, sem família, sem companheiro, sem amigos, se sentindo só. E já vi mães rodeada de pessoas, familiares, amigos, companheiro e acreditem: sozinhas também!
Então não bastasse toda essa gama de sentimentos misturados a toda bomba biológica hormonal que somos naturalmente expostas há aquelas que sofrem de um outro "mal": uma tristeza profunda, uma insatisfação consigo mesma, uma redescoberta de si, e esse novo reencontro traz muitos fantasmas, muitas sombras e é preciso saber lidar com todos esses sentimentos e contradições.
Espere!
É preciso?
Sim, é!
Mas e o que a gente faz afinal? Abafa!
A gente finge que está tudo bem, afinal, uma criança é só benção, só alegria, felicidade, união e todos milhões de outros bons adjetivos, mas não! Não é só isso.
A mulher é culturalmente incentivada a anular todos os seus sentimentos desagradáveis, perturbadores. Sim, coloque-os embaixo do tapete e em alguns meses eles serão tão intensos, fortes e involuntários que te devorarão.
E de novo aqui espera-se um apoio social, afinal se vivemos em sociedade não estamos preparados para a solidão, sobretudo uma depressiva solidão. Mais uma vez um sinal, um alerta, um pedido de socorro, mas não tem ninguém interessado em você.
Redescobrir-se é lindo, é maravilhoso, é necessário, mas não é mágico. É um processo, é um longo e doloroso processo!
Pensei estar vivendo um longo puerpério, e me dei conta de que com ele fui acometida por essa tristeza. Esse estado do qual rejeitamos quase sempre até que se torna tão dolorido e tão invisível a nossos olhos que é preciso muita força de vontade e auto compaixão para se aceitar novamente. É quando então finalmente ele sai debaixo do tapete e corre atrás de você para te devorar, e você já não tem mais força para correr, não é mais ágil e ele se torna grande, grande, até o momento de estar tão perto tão perto que você desaba.
Desabei!
E preciso desabafar!
Preciso falar!
Quem sabe assim finalmente alguém me ouve, me entenda ou se empatiza comigo.
Talvez botar a boca no mundo ajude outras mulheres e mães a buscarem ajuda e/ou aceitarem ajuda a fim de evitar esse quadro tão desesperançoso.
No brasil, cerca de 10% das novas mães sofrem de depressão pós-parto, esse quadro manifesta-se principalmente depois do 6o mês quando tudo parece estar tomando seu lugar na organização da nova vida. Mas exatamente aí pode um alerta se acender!
Não sinto as coisas se encaixarem.
Tudo está na mais perfeita ordem com bebê e é aí que pode morar outro grande perigo! Por que se tudo está tão bem com seu bebê, ele dorme bem, come bem, desenvolve bem... E você simplesmente não consegue sorrir? Quanta ingratidão! A vida parece preto e branco e você tenta mentir para você mesma que tudo está bem. Você tenta provar pro mundo e pro seu bebê que você é equilibrada, que você possui auto controle e pode reverter sozinha essa situação... Atéeee sentir-se completamente exaurida!
E você, (eu no caso) continua buscar... Lê tudo que possa ajudar. E quer a qualquer custo achar uma resposta imaginando que isso irá livrá-la dos problemas.
Mas, infelizmente, às vezes há muitas coisas na vida sem respostas! O que de fato precisamos buscar é o 1o passo para a ação.
Por isso mulher, mãe, não vamos continuar repetindo esse erro. Vamos falar! Abram a boca e o coração! Assumamos nosso lado vulnerável e busquemos muito mais que apenas respostas, busquemos nós mesmas perdidas dentro desse desequilíbrio emocional gerado desse turbilhão que nos traz uma gravidez!
Como nosso mundo é virado do avesso quando nos tornamos mães! Ficamos totalmente expostas e sem preparação emocional para esse novo e maravilhoso mundo. Sinta-se abraçada!
ResponderExcluirObrigada Julianne, é sempre bom sabermos que não estamos sozinhas!
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