sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Criar filhos com ou sem palmadas?



Vamos imaginar que algum parente ou um grande amigo derramasse uma taça de vinho na toalha branquinha que você escolheu para estrear naquele jantar especial. Você gritaria e/ou bateria em algum deles? 

Ou se um ou outro não comesse todo o alimento que eles próprios colocaram no prato. Você insistiria, tentaria forçar a comida goela abaixo, perderia e paciência e se exaltaria? E aí se ele começasse a chorar? Sua reação seria tentar entender o motivo ou simplesmente ignorar a reação?

Te parece familiar isso de certa forma, mas não com adultos, certo? Crianças não são adultos, obviamente. São seres mais frágeis, com pouca experiência e que cometem mais erros, muitos erros, pois é no erro que se aprende (aliás, aposto que você que não é mais criança ainda erra até hoje, acertei?). Crianças necessitam, portanto, de mais tolerância, paciência e cuidado.

A nossa função como pai e mãe é uma experiência desafiadora e gratificante. Como em qualquer trabalho, o nosso papel de educador exige um grande conjunto de "ferramentas" para ser eficaz. Optar por não usar força física com nossos filhos pode ser um pouco mais difícil porque exige um pouco mais de premeditação, planejamento, tempo e criatividade. Porque afinal, é claro que dá um trabalho do cão. Além disso esse é o primeiro passo para mostrar a nossos filhos que violência não é eficiente em nenhum momento. 

Infelizmente, bater nos filhos é uma questão cultural em grande parte do mundo. Nós adultos adoramos confundir a cabeça dos pequenos, ora queremos que se comportem como adultos e o tratamos como tal e ora como crianças. E somado a isso, um processo de agressão só tende a piorar. “Sabe-se através de estudos que a aplicação das palmadas pode ir se intensificando ao longo do tempo, chegando até uma violência mais severa. Toda ação que causa dor física em uma criança representa um contínuo caminho de violência” (*) 

No entanto, nós como educadores, pai e mãe precisamos nos re-educar para saibamos disciplinar nossas crianças, apenas desencorajar a punição não é suficiente pois aí pode estar o perigo de confundirmos entre a educação positiva e a permissividade.  Um estudioso da educação positiva e fundador de uma instituição americana contra violência infantil, Al Crowell diz que crianças reagem de maneiras diferentes às palmadas. Isso explicaria a razão de alguns adultos de hoje afirmarem que, apesar de terem apanhado de seus pais, as agressões não terem prejudicado o desenvolvimento deles. No entanto, o autor diz que dificuldade de aprendizado, distração, dificuldade para se relacionar, depressão e tendência ao isolamento podem ser resultados de agressões sofridas na infância. Aqui vale também lembrar que agressões podem ser físicas ou verbais. 

Mas então, como podemos agir com nossos filhos? 
Trago aqui para vocês hoje uma cartilha desenvolvida por Dr Al Cowell, Que com o uso de uma linguagem simples ajuda no entendimento do conceito de disciplina positiva e lembra que o desenvolvimento infantil é dividido em cinco estágios. “Entender as características de cada um pode ajudar os pais a saberem o que esperar, de fato, e a evitar expectativas irreais sobre seus filhos”, diz o texto.

Segundo Cowel, os 5 estágios podem ser resumidos a:
empatia (sentimentos dos outros). 
- Estágio 1: 2 a 27 meses. Bebês ainda não conseguem entender o conceito de consequência nem o de empatia. 
- Estágio 2: 2 a 3 anos. “Estou confuso porque meus pais estão bravos comigo". Uma criança novinha assim ainda não desenvolveu sua consciência. 
- Estágio 3: 3 a 5 anos. “Às vezes eu gosto de compartilhar, mas às vezes não tenho vontade, mesmo que fiquem bravos comigo. "A criança está começando a raciocinar e medir os riscos de suas atitudes. 
- Estágio 4: 6 a 7 anos. “Às vezes eu ainda faço algo escondido e torço para que não descubram.” A criança agora está aprendendo a ter controle interno, está mais conectada com os outros; está começando a notar e a se importar com o que os outros sentem. 
- Estágio 5: 8 a 11 anos. “Eu quero muito aquilo, mas não me sinto bem fazendo coisas assim.” A criança começou a desenvolver algum controle interno. Seus valores morais estão se desenvolvendo com base em um vínculo saudável com seus pais. 

Se você deseja obter a cartilha e saber mais sobre como funciona o processo desenvolvido por Cowell e seus colaboradores acesse aqui. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ser mãe: da felicidade ao esgotamento.



07:30, os primeiros raios de luz inundam o quarto. Bebê chora. Hora de levantar. Sua condição piorou desde a noite anterior. No entanto, a noite deveria ter tido o efeito inverso. Ela se sente vazia, mais e mais a cada dia. Sair da cama é um calvário. Mesmo que ela possa dormir, o sono não é uma recuperação. Seu corpo está tão acostumado com o cansaço profundo e o repouso se tornou inacessível a ele. Além disso, seu corpo já não funciona corretamente. Seu estômago está constantemente amarrado, a fome não tem inundado por meses.
Com um único pé apoiado no chão, ela teve a sensação de estar em um barco. Olhos fechados no chuveiro, o enjôo estaria pronto para invadir. Ela sente que pode perder o equilíbrio e então se vê apoiada na parede. Esse sentimento a acompanha desde umas boas semanas inteiras. Ao andar na rua, ela se acostumou aos cantos das calçadas, o medo de cair invadiu seu ser. Não é raro vê-la sentar-se de repente. Suas pernas são incapazes de segurá-la quando a vertigem invade.
A ausência é tão intensa que as pernas parecem ser de algodão. O suor frio tornou-se uma transpiração recorrente. Os tremores são, por vezes, tão presentes e associam-se a uma visão turva, um limitado campo de visão e pontos negros dançando em frente a ela. É difícil de ser suficientemente precisa em seus gestos, sem concentração máxima.
Seu cérebro está em marcha lenta. Respostas às perguntas são lentas. Ela procura as suas palavras e não as encontra sempre. Ela não sabe fez ou disse alguma coisa ou se ela apenas pensava. Seu cérebro é incapaz de se lembrar de qualquer coisa de novo. Acha que se tornou particularmente difícil.
Esta mulher não está sob a influência de qualquer substância (droga ou álcool). Esta mulher é vítima dos sintomas da privação do sono que a levaram à exaustão ...


Você se identifcou com esse relato? Sente que chegou ao seu limite? Não tenha medo, mãe! Você está passando por uma fase super normal pós-nascimento dos filhos. O que não significa que você deva ignorar ou menosprezar esse sentimento. 
Em situações como essa é importante buscar ajuda. Você pode se sentir melhor somente em falar, expor seus sentimentos e montar o quebra-cabeça que se formou nessa fase. Uma ajuda profissional muitas vezes é necessária para auxiliar nesse trabalho, tanto físico quanto emocional! 
Você pode até pensar, mas você não está sozinha! 
Se você desejar e sentir à vontade, você pode usar também nosso espaço, aqui você encontrará acolhimento e empatia! 

                               




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O fim da licença maternidade: será que nós temos escolha?




A vida de uma recém-mãe é pontuada por obstáculos. 
Primeiro vem o choro incessante, o difícil começo da amamentação e as noites mal-dormidas. 
Quando a coisa começa a melhorar, lá pelo segundo ou terceiro mês de vida do bebê, a mãe já lida com um novo e enorme desafio: o fim da licença-maternidade e a volta ao trabalho! 

Engraçado que eu não tenha falado disso ainda por aqui...
Desde que o Rudá nasceu, eu já gastava grande parte do meu tempo pensando em como seria a volta ao trabalho (sério! ou quem nunca? )
Tudo bem, acho que todas nós pensamos nisso, não é mesmo? 
Afinal de contas, apenas pensar não nos faz correr o risco de ficar sem o emprego.
Em muitos casos, isso pode ser uma escolha mas, em outros, infelizmente não.



Por um período de 5 meses pude estar integralmente com meu filho. 
Fizemos inclusive uma viagem ao Brasil para conhecer a família, só nós dois. Então, na volta, iniciamos a adaptação na casa de uma babá por meio expediente. 
Eu tive a felicidade de negociar com o chefe e voltar a trabalhar somente em meio expediente, o que me permitia estar com ele todas as manhãs! Isso já me deixava menos inquieta, mas não o bastante a ponto de me questionar todos os dias se estaria fazendo a coisa certa... até que isso começou a se confundir e se misturar com todos os outros questionamentos que já estavam rondando minha mente desde a descoberta da gravidez...

Na verdade, fui percebendo que toda angústia e culpa que sentimos é uma cobrança do nosso próprio ser e, claro, acompanhadas de uma (baita) insegurança, aquele receio básico de estar errando tudo (ai!). 

Por isso, a partir de agora, eu encorajo sempre uma mãe a fazer o que diz seu coração. Há mães que desejam voltar às atividades que tanto gostam e apreciam. Outras, prefeririam estar todo tempo com a cria. E há aquelas, em quase infinita maioria, que sequer têm escolha. Precisam voltar ao trabalho impreterivelmente, e abafam todos os sentimentos dentro do coração. Por que, afinal, mãe é forte (só que não precisa ser)! 



Em meu caso, meu coração pedia para estar 100% com meu bebê, e eu estou trabalhando tanto psicologicamente quanto financeiramente para isso. E você, o que você mais desejou ou deseja agora com o nascimento do seu bebê?

Mesmo com o peso da escolha, o que eu gostaria de dizer para você que está aqui, é que apenas uma palavra de conforto, um ombro amigo ou um simples ato de empatia já nos alivia e nos faz sentir compreendidas, não é mesmo? Então, mãe, receba meu abraço hoje, mesmo que virtual, ele é sincero e cheio de acolhida! 

Sigamos juntas nessa luta em busca de uma maternidade melhor e de todas! 

sábado, 7 de novembro de 2015

Preciso gritar para o mundo!


Esse é um texto desabafo/informativo.

Já é sabido por todos, ou ao menos todas as mães, que após esse lindo acontecimento: tornar-se mãe, nós passamos também por infinitos questionamentos, dúvidas, medos, inseguranças e contradições. 
Um dos mais recorrentes sentimentos é o de insegurança, medo de não estar fazendo tudo certo, além claro da famosa e indesejável culpa. Se o bebê tem cólica é porque comemos algo que não devia, se não chora há algo estranho, se chora é fome e já achamos que nosso leite não o sacia suficiente, e se damos "muito" colo então, nossa, fim dos dias felizes, por que estamos prestes a criar um monstrinho mimado e dependente (possui ironia)! 
E a solidão? Preciso também citar essa. Já vi mães realmente sozinhas, sem família, sem companheiro, sem amigos, se sentindo só. E já vi mães rodeada de pessoas, familiares, amigos, companheiro e acreditem: sozinhas também! 

Então não bastasse toda essa gama de sentimentos misturados a toda bomba biológica hormonal que somos naturalmente expostas há aquelas que sofrem de um outro "mal": uma tristeza profunda, uma insatisfação consigo mesma, uma redescoberta de si, e esse novo reencontro traz muitos fantasmas, muitas sombras e é preciso saber lidar com todos esses sentimentos e contradições. 
Espere! 
É preciso? 
Sim, é! 
Mas e o que a gente faz afinal? Abafa! 
A gente finge que está tudo bem, afinal, uma criança é só benção, só alegria, felicidade, união e todos milhões de outros bons adjetivos, mas não! Não é só isso. 
A mulher é culturalmente incentivada a anular todos os seus sentimentos desagradáveis, perturbadores. Sim, coloque-os embaixo do tapete e em alguns meses eles serão tão intensos, fortes e involuntários que te devorarão. 
E de novo aqui espera-se um apoio social, afinal se vivemos em sociedade não estamos preparados para a solidão, sobretudo uma depressiva solidão. Mais uma vez um sinal, um alerta, um pedido de socorro, mas não tem ninguém interessado em você.
Redescobrir-se é lindo, é maravilhoso, é necessário, mas não é mágico. É um processo, é um longo e doloroso processo! 
Pensei estar vivendo um longo puerpério, e me dei conta de que com ele fui acometida por essa tristeza. Esse estado do qual rejeitamos quase sempre até que se torna tão dolorido e tão invisível a nossos olhos que é preciso muita força de vontade e auto compaixão para se aceitar novamente. É quando então finalmente ele sai debaixo do tapete e corre atrás de você para te devorar, e você já não tem mais força para correr, não é mais ágil e ele se torna grande, grande, até o momento de estar tão perto tão perto que você desaba. 
Desabei!
E preciso desabafar! 
Preciso falar! 
Quem sabe assim finalmente alguém me ouve, me entenda ou se empatiza comigo. 
Talvez botar a boca no mundo ajude outras mulheres e mães a buscarem ajuda e/ou aceitarem ajuda a fim de evitar esse quadro tão desesperançoso. 
No brasil, cerca de 10% das novas mães sofrem de depressão pós-parto, esse quadro manifesta-se principalmente depois do 6o mês quando tudo parece estar tomando seu lugar na organização da nova vida. Mas exatamente aí pode um alerta se acender! 
Não sinto as coisas se encaixarem. 
Tudo está na mais perfeita ordem com bebê e é aí que pode morar outro grande perigo! Por que se tudo está tão bem com seu bebê, ele dorme bem, come bem, desenvolve bem... E você simplesmente não consegue sorrir? Quanta ingratidão! A vida parece preto e branco e você tenta mentir para você mesma que tudo está bem. Você tenta provar pro mundo e pro seu bebê que você é equilibrada, que você possui auto controle e pode reverter sozinha essa situação... Atéeee sentir-se completamente exaurida! 
E você, (eu no caso) continua buscar... Lê tudo que possa ajudar. E quer a qualquer custo achar uma resposta imaginando que isso irá livrá-la dos problemas. 
Mas, infelizmente, às vezes há muitas coisas na vida sem respostas! O que de fato precisamos buscar é o 1o passo para a ação.
Por isso mulher, mãe, não vamos continuar repetindo esse erro. Vamos falar! Abram a boca e o coração! Assumamos nosso lado vulnerável e busquemos muito mais que apenas respostas, busquemos nós mesmas perdidas dentro desse desequilíbrio emocional gerado desse turbilhão que nos traz uma gravidez!