terça-feira, 18 de agosto de 2015

Carta a uma jovem mãe recém-nascida




Este texto foi uma colaboração de Francine 33 anos, feminista e autora do blog de poesias www.conteirodaflor.blogspot.com
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São as primeiras horas você vai saber quem é, mas questionará todo o por que de sua existência até aqui. Vai olhar para trás, mas tente não fazê-lo. Vai olhar para frente e agora com demasiada fragilidade. O Olhar para frente vai fazê-la insegura, impotente. Quando olhar para os braços vai entender o motivo. O bebê em seu colo, esse será toda a razão certa e incerta da sua vida. Ele será outra pessoa e o único projeto que por mais que você planeje e acerte você nunca saberá exatamente o que vai ser. A certeza só daqui para frente é um amor incontrolável. Até ele fazer uma semana você vai esquecer o que é noite o que é dia vai descobrir que seu corpo tem uma força e é guiado pela lei natural dos sentimentos humanos. Vai entender o segredo o “super-poder” de ser mulher. Ele não tem os sentidos formados ainda e a única forma de comunicação com o mundo será através de você. E então você vai pensar. - Meu Deus! Vai ser assim para sempre! - Como vou abrir mão de tudo?! De mim?! Para o resto da vida ?! Você vai questionar o seu amor e vai se culpar por isso, mas não se preocupe, logo vai compreender que frágil foi aquela mulher que você conheceu até agora.
Começa um novo ato. Essa mulher é outra, que dói para aparecer, mas já está aí, essa mulher é a MÃE. Aquela mesmo. Aquela que você não deu muita importância às vezes quando era criança. E mesmo que seja duro de admitir, a sua mãe vai estar em você, mais do que esteve em toda a sua vida. E mesmo quando você for dormir dolorida, acordar cansada, tente relaxar e sorrir e pensar que faltam 3 dias para uma semana. Depois dessa semana o seu corpo ainda estará fraco, mas você já vai conseguir olhar para fora, sair até a calçada vai perceber que sim! Você vai poder sair de casa. E os mamilos vão começar a doer e você vai sentir mais “bebê” do que seu bebê e não tenha vergonha viu! Ligue para as suas amigas, conte para suas irmãs, para as tias, sua mãe. Bote para fora tudo, tudo o que sente. Porque quando você olhar para a carinha do seu bebê pense que ele não vai querer ver a mãe dele com carinha de triste e seu rosto é a única coisa que ele consegue enxergar nos primeiros dias. Se tiver entediada, sozinha angustiada ande pela casa com ele no colo e cante, converse, leia em voz alta, conte histórias. Você vai começar a encontrar a sua mulher e a mãe que seu filho vai ter, e vocês dois vão começar a se reconhecer.
Curta tudo, o cheiro de leite na roupa, o chuveirinho de xixi logo depois do banho, gorfadas ... Quando menos esperar já vai estar pós-graduada em lavar manchas de cocô de todos os tipos rsrs. E sempre, sempre que você achar que não vai aguentar sozinha que é demais, põe uma música que você gosta e dança com ele no colo só vocês dois e lembra que a sua mãe passou por isso, e a mãe dela e tantas outras mulheres e que antigamente elas não tinha nem com quem compartilhar, e que antigamente mulher não tinha o direito de pensar a respeito, se era mãe e pronto. Ah estou escrevendo e esqueci de te avisar, já passou um mês ! Os sentimentos ainda vão estar confusos, mas agora seu bebê é o mais lindo e você quer compartilhar. Vocês já vão ter seus próprios códigos, não force e não se in segure eles vão surgir naturalmente. Enfim dizem, que até ele completar três meses esse período é chamado pelos médicos de segunda fase da gravidez vocês ainda estarão muito conectados e aos poucos os espaços serão encontrados, vocês ainda serão um em corpos separados e o corpo e cabeça precisam desse tempo para entender, seu filho está no mundo é outro ser. È preciso lembrar o tempo todo, só que a mulher mais linda, mais sexy, inteligente, companheira, divertida, amiga, filha, irmã, essa mulher só vai estar guardadinha para voltar ainda mais amiga sexy, filha, irmã, inteligente, companheira, divertida agora com um tempero especial, mais, muito mais, corajosa. Carregando o segredo do amor mais perfeito que é dado ao ser humano. Que é como o calo nos dedos dos músicos. Um sacrifício necessário para compartilhar um amor maior. O segredo da dor para todo o amor que é ser mais uma mulher/mamãe.

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Eu encontrei a Fran virtualmente no mundo da maternidade e numa coincidência da vida descobrimos que temos uma mesma paixão: a Fran também é mãe de um Rudá ❤️

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