quarta-feira, 29 de julho de 2015

Gestando-me para renascer

Sim, o puerpério é hard mas eu hoje vou falar da gravidez. O puerpério deixarei para um outro momento, quando inclusive me sentir mais preparada.


Foram 40 semanas e 1 dia de um período super difícil, de uma gravidez surpresa, mudança de país e emprego novo. Tantos questionamentos e excessos de cobranças, pessoais e ao companheiro. 
Pirei. 
Me senti sozinha. 
E claro, me culpava, a culpa me tomou por inteira e minha reação ultrapassou qualquer controle que eu poderia ter sobre mim mesma. 
Foram incessantes crises raivosas, gritos, esperneios, e inquietações. E de novo: culpa, culpa, mais culpa. Afinal, nós mães precisamos ser felizes, alegres e radiar contentamento e amor...
Tive muito medo.
E toda minha raiva era evacuada com agressividade, sobretudo contra mim mesma, porque em seguida o arrependimento tomava conta de mim. E também contra o companheiro. 
E lá se foram livros rasgados, copos e pratos quebrados, computador no chão e muita muita gritaria. 
E em seguida vinha a dor. 
Sou fruto de uma criação muito rígida, severa e com nenhum pouquíssimo diálogo, daquelas em que o medo respeito é passado mesmo pelo olhar. Tolerância nunca foi o forte dentro da minha casa, e isso eu vim trazendo comigo.  Isso é tudo o que não quero para meu filho, pensava. 
E como é dolorido perceber que quando padrões foram inseridos à base do exemplo eles nos tatuam. 
Busquei tanto um abraço, uma palavra de acolhimento, mas tudo era tão distante, tão superficial. Aqueles que eram reais pareciam não me entender, sentia-me cobrada, cobrada a viver alegre esse que deveria ser o meu momento mais feliz. E por ironia, foi virtualmente que encontrei empatia, compreensão e aonde pude ser eu mesma sem me esconder ou ter medo de ser julgada! 
Foi um momento de múltiplas gestações, além do fruto em meu ventre, preparava-se também para ser parida a minha sombra, da qual precisava acolher e aceitar. 
Os nove meses passaram sem nenhuma sequela física, mas o emocional sofreu, sofre e ainda sofrerá muitas transformações, porque eu estou disposta a viver esse luto, e seguir a minha vida-morte-vida! Afinal parir é morrer, e nascer é morrer ao contrário. E por isso, depois que pari, eu renasci! 

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