Sim, o puerpério é hard mas eu hoje vou falar da gravidez. O puerpério deixarei para um outro momento, quando inclusive me sentir mais preparada.
Foram 40 semanas e 1 dia de um período super difícil, de uma gravidez surpresa, mudança de país e emprego novo. Tantos questionamentos e excessos de cobranças, pessoais e ao companheiro.
Pirei.
Me senti sozinha.
E claro, me culpava, a culpa me tomou por inteira e minha reação ultrapassou qualquer controle que eu poderia ter sobre mim mesma.
Foram incessantes crises raivosas, gritos, esperneios, e inquietações. E de novo: culpa, culpa, mais culpa. Afinal, nós mães precisamos ser felizes, alegres e radiar contentamento e amor...
Tive muito medo.
E toda minha raiva era evacuada com agressividade, sobretudo contra mim mesma, porque em seguida o arrependimento tomava conta de mim. E também contra o companheiro.
E lá se foram livros rasgados, copos e pratos quebrados, computador no chão e muita muita gritaria.
E em seguida vinha a dor.
E como é dolorido perceber que quando padrões foram inseridos à base do exemplo eles nos tatuam.
Busquei tanto um abraço, uma palavra de acolhimento, mas tudo era tão distante, tão superficial. Aqueles que eram reais pareciam não me entender, sentia-me cobrada, cobrada a viver alegre esse que deveria ser o meu momento mais feliz. E por ironia, foi virtualmente que encontrei empatia, compreensão e aonde pude ser eu mesma sem me esconder ou ter medo de ser julgada!
Foi um momento de múltiplas gestações, além do fruto em meu ventre, preparava-se também para ser parida a minha sombra, da qual precisava acolher e aceitar.
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