Na ansiedade tremenda da espera do nosso bebê, dia
26/01/15 tive o 1o sinal de que o grande dia se aproximava: perdi meu
tampão. E eu que achei que era algo que partia duma vez fiquei ainda
mais supresa quando no dia seguinte vi mais um tanto dessa geleia
transparente sair de mim! Nesse mesmo dia a noite, 27, comecei a
sentir as 1as contrações! Fiquei eufórica, comecei a marcar os
intervalos, entrei na banheira para um banho bem quente e demorado,
jantei uma saladinha bem leve que minha mãe fez pra mim e ficamos
conversando no chão da sala. Minha mãe e uma tia vieram do Brasil
na expectativa de ver meu bebê nascer... Por sugestão da minha
doula eu deveria subir pro quarto para me repousar um pouco e tentar
me conectar comigo mesma, não era hora de ir para o hospital, eu me
sentia ainda muito bem, apesar de estar um pouco ansiosa.
As contrações foram relaxando e eu fui ficando
sonolenta, já eram 2:30 da manhã. Disse a doula que ela
podia ir embora que eu me sentia bem. Ouvi ela falando com meu
companheiro que eu estava me desconectando de mim, precisava
mergulhar em mim mesma, talvez ficar mais sozinha.(Essa parte me
incomodou um pouco, pois daí surgiu um embate cultural, aqui na
França tudo costuma-se desenrolar sem a interferência da família,
e ela imaginava que eu estava me sentindo invadida por estar com
visitas em casa)!
Enfim, dia amanheceu, agora parecia que a bolsa
tinha fissurado, de vez em quando havia um líquido que escorria! Um
adendo: liguei de novo para doula pra saber desse líquido, poderia
ser outra coisa que não o líquido amniótico? Sempre ouvi dizer que
tem um cheiro horrível de água sanitária, e o meu não tem cheiro
forte, e para minha surpresa ela me disse que o líquido amniótico
não é mal cheiroso, ao contrário cheira muito bem!
Ela passou logo depois do almoço, eu nessa hora
estava tentando me conectar, passei quase a manhã toda no quarto,
minha tia sempre perguntava das contrações, comentava se não
deveria ir ao médico ja q não sentia mais nada, será q o bb está
bem, enfim...
Saímos para caminhar e meu companheiro levou minha
mãe pra passear um pouco também, estávamos ficando todos um pouco
apreensivos!
Voltei da caminhada, mamãe chegou do passeio,
tomamos todos juntos um café da tarde, e decidi subir e descer
escadas! Moro no 3o andar, subi e desci 2x. Fiz alguns agachamentos e
exercícios na bola, e também um banho derivativo! Voltei a
relaxar!
19h30, voltaram bem suaves as contrações. Fiquei
quietinha e marcando o tempo! Desci novamente, jantamos todos juntos,
dessa vez comi bastante, e uma deliciosa sobremesa de suspiro com
morangos! E as contrações pareciam realmente bem ritmadas! Das
20 as 0h direto sendo as 2 últimas horas a cada 6-7
minutos! Pronto, chegou mesmo a hora! Acorda marido, liga pra doula,
toma banho quente! Dor de barriga... A natureza perfeita, me ajudando
a limpar bastante antes da hora H.
Saímos de casa 00:30, cheguei no hospital e
uma estagiária de parteira me examinou além de medir as contrações
e os batimentos do bebê, nessa hora eu estava com 1cm de dilatação!
Não disse que a bolsa estava já vazando, lentamente, para não ter
que ficar sob vigilância com tds aqueles aparelhos e imóvel, e ela
nem sequer percebeu! Melhor assim! A sugestão foi que eu
fizesse 30 min de caminhada pelo hospital para ver se evoluía! Nessa
hora eu e meu companheiro já estávamos há um tempo cantando o
moooooo a cada contração, fizemos juntos durante a gravidez o canto
pré-natal e isso parecia surreal como estava funcionando e pra ficar
ainda mais mágico treinamos várias posições por todos esses meses
mas na hora H encontramos uma outra posição que fez toda diferença,
nós nos abraçávamos e ele cantava por dentro do nosso abraço, eu
sentia vibrar tudo, exatamente como deveria ser; ocitocina é amor!
Voltando da caminhada, ainda 1cm. Ou iria pra casa
ou tomaria um remédio (parente da morfina) para relaxar e esperar
evoluir. Não queria voltar pra casa, e frustrar ainda mais todo
mundo, me desconectar do meu momento. Pedi pra ficar mas também não
queria tomar nenhum medicamento!
Sorte estava conosco, não havia ninguém mais na
maternidade para parir nessa noite e a parteira me deixou ficar e não
me instalaram num quarto porque nós cantávamos e atrapalharia
outras mamães e bebês, fiquei mesmo nas salas de preparo! 1
h depois sugeriu um novo toque e ja estava com 3 cm, mudei p
sala de trabalho! A gente veio de mala e cuia, trouxe minha almofada
de amamentar, luzinhas p não usar luzes das salas que são
ultrafortes... Na sala de parto tinha tapete banquetinha e até
lâmpada de sal! Nessa sala as contrações não me deixavam
repousar em nada, foi tudo muito intenso e só sei que em mais 1,5h
eu ja estava com toda dilatação!
Parece ter sido rápido mas foram essas poucas horas
o suficiente para me cansar e muito, eu estava simplesmente exausta e
comecei a querer desistir! Me sentia mal, a bolsa rompia-se cada vez
mais, sentia um calor enorme, queria um banho, queria dormir, e
comecei a chorar pedindo ao meu companheiro ajuda, que eu não queria
mais, que não aguentava, que eu era fraca e me entregava, ao mesmo
tempo pedia desculpas... Ele ficou sem chão, e pediu a parteira q me
desse anestesia. A doula não deixou, ela dizia: não boris, ela
precisa formular a frase e pedir a quem de fato pode fazer, não é a
você que ela deve pedir... E eu estava me esgotando!
A parteira me encorajava todo tempo juntamente com a
estagiária e minha doula que me diziam você já fez todo
trabalho agora só falta acolher seu bebê!
A expulsão: comecei de cócoras, e nao deu! Fui p
cima da mesa de 4, apoiando na bola e cantando com o meu companheiro.
Muita força, mas o bebê não vinha! Nessa hora meu marido
cantava sozinho pq eu só gritava feito leoa! E eles sempre me
lembrando o grave, canta o grave, envia a força p baixo, não
levanta a cabeça... E eu com minha mania de pensar demais, me perdi
completamente entre respirar, fazer força e controlar a dor... Me
perdi, e nessa foi mais uma posição, deitada de lado! Eu nao podia
sequer deitar pois a dor era imensa na lombar e faziam 10 contrações
virem juntas ao mesmo tempo (era a impressão que eu tinha). Deitada
de lado, não tinha forças nas pernas mais, boris segurava
enquanto as 3 falavam muito bem, isso de novo, a gente tá
vendo seu bebê, vai você consegue, muito bem muito bem... E NADA!
Ele nao saía... De novo muda de posição, agora estava sentada, com
as pernas apoiadas mais a frente e segurando uma barra acima da
cabeça... E eu continuava a gritar, gritar, gritar e comecei a
sentir que ele estava vindo. Entrei na partolândia. Eu enxergava
como uma ursa que rugia no momento de dar à luz. Senti uma ardência
no períneo, sim era meu bebê, toquei sua cabecinha, mas precisava
fazer ainda mais força... Por um momento escutei a parteira dizer
que precisava me dar mais, tudo que eu conseguisse se não ela
chamaria um médico, aí minha gente, não sei de onde tirei forças,
porque pensei: meu filho não será retirado de mim por instrumento
nenhum e nem eu serei cortada e então tome-lhe força e conseguimos
colocar a cabeça toda pra fora e em seguida o ombrinho e nós
conseguimos juntos. Veio direto p meu colo e eu não conseguia
ainda saber quem era. Levantei sua perninha e chorei de emoção
dando as boas vindas ao meu Rudá, o guerreiro do amor! Bem vindo meu
filho!!!
E foi assim o nascimento do nosso guerreiro do amor
(Rudá) de 3150 g e 51 cm que nasceu as 8h29 (hora da
França) do dia 29/01/15 de 40 semanas e 1 dia, sem anestesia sem nenhuma outra intervenção
nem a mim nem ao bebê! Sem pontos! Ele não precisou ser
aspirado, veio direto para o meu colo, senti aquele cheirinho
apaixonante que até o papai ficou encantado, e por mais de 24h
ficamos só no chamego, e ele fez o 1o côco (de mecônio) sobre mim
e juro que até isso eu achei o máximo!
Quanto a dor, foi sim muito muito difícil, eu me
senti muito cansada, exausta e sem forças, mas confesso que a dor
que ainda consigo hoje visualizar e sentir é a dor do meu bebê
saindo, consigo me lembrar perfeitamente do que todos dizem a bola de
fogo, e de fato é!
E foi assim, nasceu quem por nove meses se construía
em mim enquanto eu me reconstruía. E esse foi o momento em que pari,
momento em que morreu quem eu fui até então, porque parir é
morrer, e nascer é morrer ao contrário.
Ufa♡emocionante!pariu em Paris mesmo?a loka ja pensando no segundo filho hahahah
ResponderExcluirUfa♡emocionante!pariu em Paris mesmo?a loka ja pensando no segundo filho hahahah
ResponderExcluirObrigada Ana, por sua presença aqui!
ExcluirNós moramos no sudoeste francês, numa cidade chamada Pau, bem diferente de Paris, e tb do Rio principalmente!
Parir vicia, a gnt fica com vontade de fazer sempre =)