quinta-feira, 4 de junho de 2015

Relato de parto.

 
 
Relato de parto: nascimento do meu guerreiro do amor!

Na ansiedade tremenda da espera do nosso bebê, dia 26/01/15 tive o 1o sinal de que o grande dia se aproximava: perdi meu tampão. E eu que achei que era algo que partia duma vez fiquei ainda mais supresa quando no dia seguinte vi mais um tanto dessa geleia transparente sair de mim! Nesse mesmo dia a noite, 27, comecei a sentir as 1as contrações! Fiquei eufórica, comecei a marcar os intervalos, entrei na banheira para um banho bem quente e demorado, jantei uma saladinha bem leve que minha mãe fez pra mim e ficamos conversando no chão da sala. Minha mãe e uma tia vieram do Brasil na expectativa de ver meu bebê nascer... Por sugestão da minha doula eu deveria subir pro quarto para me repousar um pouco e tentar me conectar comigo mesma, não era hora de ir para o hospital, eu me sentia ainda muito bem, apesar de estar um pouco ansiosa. 


As contrações foram relaxando e eu fui ficando sonolenta, já eram 2:30 da manhã. Disse a doula que ela podia ir embora que eu me sentia bem. Ouvi ela falando com meu companheiro que eu estava me desconectando de mim, precisava mergulhar em mim mesma, talvez ficar mais sozinha.(Essa parte me incomodou um pouco, pois daí surgiu um embate cultural, aqui na França tudo costuma-se desenrolar sem a interferência da família, e ela imaginava que eu estava me sentindo invadida por estar com visitas em casa)! 

Enfim, dia amanheceu, agora parecia que a bolsa tinha fissurado, de vez em quando havia um líquido que escorria! Um adendo: liguei de novo para doula pra saber desse líquido, poderia ser outra coisa que não o líquido amniótico? Sempre ouvi dizer que tem um cheiro horrível de água sanitária, e o meu não tem cheiro forte, e para minha surpresa ela me disse que o líquido amniótico não é mal cheiroso, ao contrário cheira muito bem! 

Ela passou logo depois do almoço, eu nessa hora estava tentando me conectar, passei quase a manhã toda no quarto, minha tia sempre perguntava das contrações, comentava se não deveria ir ao médico ja q não sentia mais nada, será q o bb está bem, enfim...

Saímos para caminhar e meu companheiro levou minha mãe pra passear um pouco também, estávamos ficando todos um pouco apreensivos! 

Voltei da caminhada, mamãe chegou do passeio, tomamos todos juntos um café da tarde, e decidi subir e descer escadas! Moro no 3o andar, subi e desci 2x. Fiz alguns agachamentos e exercícios na bola, e também um banho derivativo! Voltei a relaxar! 

19h30, voltaram bem suaves as contrações. Fiquei quietinha e marcando o tempo! Desci novamente, jantamos todos juntos, dessa vez comi bastante, e uma deliciosa sobremesa de suspiro com morangos! E as contrações pareciam realmente bem ritmadas! Das 20 as 0h direto sendo as 2 últimas horas a cada 6-7 minutos! Pronto, chegou mesmo a hora! Acorda marido, liga pra doula, toma banho quente! Dor de barriga... A natureza perfeita, me ajudando a limpar bastante antes da hora H. 

Saímos de casa 00:30, cheguei no hospital e uma estagiária de parteira me examinou além de medir as contrações e os batimentos do bebê, nessa hora eu estava com 1cm de dilatação! Não disse que a bolsa estava já vazando, lentamente, para não ter que ficar sob vigilância com tds aqueles aparelhos e imóvel, e ela nem sequer percebeu! Melhor assim!  A sugestão foi que eu fizesse 30 min de caminhada pelo hospital para ver se evoluía! Nessa hora eu e meu companheiro já estávamos há um tempo cantando o moooooo a cada contração, fizemos juntos durante a gravidez o canto pré-natal e isso parecia surreal como estava funcionando e pra ficar ainda mais mágico treinamos várias posições por todos esses meses mas na hora H encontramos uma outra posição que fez toda diferença, nós nos abraçávamos e ele cantava por dentro do nosso abraço, eu sentia vibrar tudo, exatamente como deveria ser; ocitocina é amor!

Voltando da caminhada, ainda 1cm. Ou iria pra casa ou tomaria um remédio (parente da morfina) para relaxar e esperar evoluir. Não queria voltar pra casa, e frustrar ainda mais todo mundo, me desconectar do meu momento. Pedi pra ficar mas também  não queria tomar nenhum medicamento! 

Sorte estava conosco, não havia ninguém mais na maternidade para parir nessa noite e a parteira me deixou ficar e não me instalaram num quarto porque nós cantávamos e atrapalharia outras mamães e bebês, fiquei mesmo nas salas de preparo! 1 h depois sugeriu um novo toque e ja estava com 3 cm, mudei p sala de trabalho! A gente veio de mala e cuia, trouxe minha almofada de amamentar, luzinhas p não usar luzes das salas que são ultrafortes... Na sala de parto tinha tapete banquetinha e até  lâmpada de sal! Nessa sala as contrações não me deixavam repousar em nada, foi tudo muito intenso e só sei que em mais 1,5h eu ja estava com toda dilatação! 

Parece ter sido rápido mas foram essas poucas horas o suficiente para me cansar e muito, eu estava simplesmente exausta e comecei a querer desistir! Me sentia mal, a bolsa rompia-se cada vez mais, sentia um calor enorme, queria um banho, queria dormir, e comecei a chorar pedindo ao meu companheiro ajuda, que eu não queria mais, que não aguentava, que eu era fraca e me entregava, ao mesmo tempo pedia desculpas... Ele ficou sem chão, e pediu a parteira q me desse anestesia. A doula não deixou, ela dizia: não boris, ela precisa formular a frase e pedir a quem de fato pode fazer, não é a você que ela deve pedir... E eu estava me esgotando! 

A parteira me encorajava todo tempo juntamente com a estagiária  e minha doula que me diziam você já fez todo trabalho agora só  falta acolher seu bebê! 

A expulsão: comecei de cócoras, e nao deu! Fui p cima da mesa de 4, apoiando na bola e cantando com o meu companheiro. Muita força, mas o bebê  não vinha! Nessa hora meu marido cantava sozinho pq eu só gritava feito leoa! E eles sempre me lembrando o grave, canta o grave, envia a força p baixo, não levanta a cabeça... E eu com minha mania de pensar demais, me perdi completamente entre respirar, fazer força e controlar a dor... Me perdi, e nessa foi mais uma posição, deitada de lado! Eu nao podia sequer deitar pois a dor era imensa na lombar e faziam 10 contrações virem juntas ao mesmo tempo (era a impressão que eu tinha). Deitada de lado, não tinha forças  nas pernas mais, boris segurava enquanto as 3 falavam muito bem, isso de novo, a gente  tá vendo seu bebê, vai você consegue, muito bem muito bem... E NADA! Ele nao saía... De novo muda de posição, agora estava sentada, com as pernas apoiadas mais a frente e segurando uma barra acima da cabeça... E eu continuava a gritar, gritar, gritar e comecei a sentir que ele estava vindo. Entrei na partolândia. Eu enxergava como uma ursa que rugia no momento de dar à luz. Senti uma ardência no períneo, sim era meu bebê, toquei sua cabecinha, mas precisava fazer ainda mais força... Por um momento escutei a parteira dizer que precisava me dar mais, tudo que eu conseguisse se não ela chamaria um médico, aí minha gente, não sei de onde tirei forças, porque pensei: meu filho não será retirado de mim por instrumento nenhum e nem eu serei cortada e então tome-lhe força e conseguimos colocar a cabeça toda pra fora e em seguida o ombrinho e nós conseguimos juntos. Veio direto p meu colo e eu não conseguia ainda saber quem era. Levantei sua perninha e chorei de emoção dando as boas vindas ao meu Rudá, o guerreiro do amor! Bem vindo meu filho!!! 

E foi assim o nascimento do nosso guerreiro do amor (Rudá) de 3150 g e 51 cm que nasceu as 8h29 (hora da França) do dia 29/01/15 de 40 semanas e 1 dia, sem anestesia sem nenhuma outra intervenção nem a mim nem ao bebê!  Sem pontos! Ele não precisou ser aspirado, veio direto para o meu colo, senti aquele cheirinho apaixonante que até o papai ficou encantado, e por mais de 24h ficamos só no chamego, e ele fez o 1o côco (de mecônio) sobre mim e juro que até  isso eu achei o máximo!

Quanto a dor, foi sim muito muito difícil, eu me senti muito cansada, exausta e sem forças, mas confesso que a dor que ainda consigo hoje visualizar e sentir é a dor do meu bebê saindo, consigo me lembrar perfeitamente do que todos dizem a bola de fogo, e de fato é! 

E foi assim, nasceu quem por nove meses se construía em mim enquanto eu me reconstruía. E esse foi o momento em que pari, momento em que morreu quem eu fui até então, porque parir é morrer, e nascer é morrer ao contrário. 




3 comentários:

  1. Ufa♡emocionante!pariu em Paris mesmo?a loka ja pensando no segundo filho hahahah

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  2. Ufa♡emocionante!pariu em Paris mesmo?a loka ja pensando no segundo filho hahahah

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    1. Obrigada Ana, por sua presença aqui!
      Nós moramos no sudoeste francês, numa cidade chamada Pau, bem diferente de Paris, e tb do Rio principalmente!
      Parir vicia, a gnt fica com vontade de fazer sempre =)

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