quarta-feira, 24 de junho de 2015

De repente 30! Um post extra-(temático).




Hoje o dia amanheceu ensolarado. Tudo bem, é verão, você poderia dizer! Mas aqui nessa terra aonde o clima mesmo não sendo tropical, dias de verão são muitas vezes chuvosos e frescos. Então já posso começar agradecendo pelo lindo dia que nasce para celebrar minha triunfal entrada na era Balzac. A mais nova balzaquiana do pedaço. 

De repente 30. Hoje é dia de ficar “menos nova” e os mais chegados sabem como a-do-ro isso! Tudo bem que pode ser cedo para ter medo do tempo, mas sinto que hoje aos trinta é melhor que aos dezoito, e nem Balzac poderia prever.

Hoje, olhando pra trás não tenho nenhuma saudade do passado, nenhuma outra época me trouxe tanta novidade, tanto autoconhecimento, tanta concretude, tanta alegria e tantas contas (da vida) para saldar. O olhar mudou, e isso pra mim é simplesmente incrível. Aprendi que mudar faz parte da vida e engrandece… Já não aceito ser manipulada sem consciência, aprendi que a vida tem seu tempo próprio para me trazer vivências e aprendizados. Estou diminuindo minha pressa, minha ânsia e, principalmente, minha imensa arrogância. Estou aprendendo a doce dança da vida (e da morte). Amar é aprender os passos, fazer amor é dançar a dança. 

O ano de 2015 trouxe pra mim um momento de muito valor e amor. Me tornei mãe e balzaquiana em sincronia. Isso me trouxe uma delicadeza que antes eu não havia. Me reconheci mais bicho, apurei olfato, tato e sensações. Mergulhei em mim, me interiorizei, me tornei um todo, completa. Claro que tudo não aconteceu da noite para o dia, tudo fez e ainda faz parte de um processo (contínuo que desejo jamais paralizá-lo). Me permiti aprender, flexibilizar, olhar atentamente, sem pressa. Ainda quero aprender a ouvir muito mais… aprender a ficar feliz quando percebo que não tenho razão e, aos poucos, estou tentando aprender a me deixar cuidar, a me deixar amar… (essa sim está sendo uma lição difícil).

Estou aprendendo com as pessoas que a vida me trouxe, o que cada um pode me dar, do seu jeitinho e delicadeza, ainda que seja muito diferente do meu (ou simplesmente do que espero). Estou aprendendo a ignorar expectativas, elas podem matar toda esperança de uma vida. Estou aprendendo a olhar e agradecer pelas oportunidades de viver novidades, mudanças e até as dúvidas que ainda me assombram.
Ainda sou eu, ainda quero demais, como a menina que me percebo e aprendi a me acolher.

Há muito venho pensando nessa data, e para os que me conhecem adoraria passar por ela com uma super festa e perto de todos que amo. Infelizmente isso não está sendo possível. Mas acreditem, a festa está rolando em meu coração. Todas minhas células, todo meu ser festeja essa data que é tão importante pra mim. No mais com festa ou sem festa, eu tenho o melhor presente e a melhor companhia pra mim hoje e sempre: Rudá, meu guerreiro do amor!


“Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (…) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer.”

– Honoré de Balzac –

Canto pré-natal


Le chant prenatal – um canto de amor e aconchego.



Doce e relaxante, o canto pré-natal é um excelente método de preparação para o parto. Pessoalmente as sessões de canto pré-natal eram bons momentos de relaxamento, e mesmo depois de um dia de muita tensão eu conseguia deitar já me sentindo muito melhor para dormir. 
Daí você pode se perguntar: o que de fato se canta nessas sessões? Claro, a preparação para o parto a partir do canto, não envolve apenas música como pode nos levar a crer, é muito mais que isso, trata-se de um trabalho de massagem, postura corporal e de vibrações sonoras a fim de envolver o bebê. O canto demanda a atenção de todo o corpo em sua totalidade.  Ao cantar sentia-me descontraída e ao mesmo tempo trabalhava a respiração e o fôlego. Além disso, é preciso se sentir a vontade com quem você está cantando, ajuda bastante para o aproveitamento das sessões e a interação com o bebê. 


Em poucas sessões é possível perceber o envolvimento do bebê. Não podemos esquecer que o primeiro sentido desenvolvido por um bebê ainda na barriga é o tato. Por isso, ao falarmos e/ou cantarmos para ele tudo será ouvido através da pele. Ainda pode-se acrescentar que a bacia e o esqueleto da mamãe formam uma caixa de ressonância e amplificam a transmissão. Conduzidos pelo líquido amniótico, os sons, chegam à pele do feto e aos seus terminais nervosos sob a forma de vibrações, produzindo uma massagem muito agradável.

O canto permite estabelecer uma relação precoce com o bebê. Após o nascimento, o bebé reencontra com prazer as melodias que recebeu ainda no ventre da mãe. Mas não é só isso, a vocalização de alguns sons, sobretudo o grave, ajuda e muito na hora das contrações. Isso eu também duvidava, imagina, cantar faz parar de doer? Não, não exatamente eliminação da dor, mas pra mim apaziguava muito. Durante todas as sessões nós treinávamos várias posições até que encontrássemos uma que seria boa pra mim e para meu companheiro, que me acompanhou cantando por todo o trabalho de parto.


O incrível é que nenhuma delas funcionou durante o TP. Na vivência do parto, nós encontramos uma outra posição que ajudou bastante, e é isso que achei incrível no canto. A sílaba mais usada é o “mo”, um som grave e que deve ser enviado para baixo, exatamente o contrário do que as mulheres têm tendência a fazer no momento das fortes dores de contrações, levantar a cabeça e gritar “ai”. Não vou dizer que é fácil, é preciso sim muito preparo, e ter sempre consciência disso na hora do vamos ver, por isso a ideia de se preparar com antecedência. 
E ainda mais incrível do que toda a surpresa que foi pra mim a prática do canto pré-natal, é ver no meu filho como isso foi benéfico. Claro que tudo isso é uma questão de gosto, mesmo havendo várias evidencias científicas de que o canto traz muitos benefícios às mães em sua preparação e aos bebês, é essencial que seja uma prática feita com amor e gosto. 
Nas sessões há momentos também para descontrair e aprendemos a cantar algumas musiquinhas de ninar, embalando-nos, para um prazer duplo da mamãe e bebê, assim ele já vai se acostumando ao que o espera aqui fora: muito amor e música!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Preparação do parto - yoga

Yoga pré-natal 


                                      

Confesso que apesar de sempre achar essa pratica super interessante jamais havia feito antes de engravidar. Não o yoga propriamente, exercícios que envolviam alongamentos, posturas e respiração por muito tempo pratiquei, tanto no RPG quanto em pilates! Mas eu me apaixonei pelo yoga, sobretudo pelo momento relaxamento no fim de cada aula! E a mágica da super conexão que se faz consigo mesma. A prática do yoga traz auto conhecimento e um olhar pra dentro...
Enfim, aqui na França a "securité sociale" paga por 8 semanas de preparação para o parto. Há várias outras formas de se preparar: sofrologia, yoga, haptonomia (técnica super interessante capaz de colocar o pai num contato super íntimo e emocionante com o bebê ainda na barriga), canto, hidroginástica e talvez esteja me esquecendo de mais alguma coisa. 


Pela "securité sociale" eu escolhi fazer yoga. 


Relaxante e calmo, o yoga pode ser um excelente método de preparação para o parto e pode ser praticado ao longo de toda a gravidez. Então bora dar um zoom sobre o yoga pré-natal. 


Prática ancestral, o yoga é um trabalho corporal que une postura e respiração com o objetivo de equilibrar e harmonizar corpo e espírito.  No caso de uma gravidez, o yoga se acentua em movimentos e alongamentos simples e seguros para a mamãe e bebê, visando fortalecer e relaxar a musculatura, que será super exigida no momento do trabalho de parto. A ideia é que com a ajuda do yoga sejamos capazes de eliminar tensões e diminuir os eventuais males da gravidez, como queimaduras estomacais, dores de coluna, náuseas, ansiedade entre outros. Aliás sabemos como qualquer atividade física feita regularmente pode somente nos trazer vantagens para o corpo e mente. Pra mim, particularmente, o yoga me auxiliou bastante na postura, me posicionar e permanecer com uma boa postura quotidianamente: sentar-me, levantar-me da cama, descer escadas, segurar o bebê (essa aula eu perdi ?) (Quem me conhece sabe a dificuldade que é pra mim ter boa postura; recebi muitos elogios por mantê-la bem durante a gravidez, o problema é que agora com Rudá quase sempre nos braços e crescendo, a coluna está indo novamente pro beleléu). 



De forma geral, ter um melhor conhecimento do nosso próprio corpo e com práticas de alongamento, uma mulher grávida pode se sentir mais ágil e com maior mobilidade, apesar da barriga e do peso, além claro de se sentir mais serena.  



Certo, mas se o yoga é uma preparação para o parto, me diga como ele pode servir no dia D?


Durante as sessões de yoga aprendemos a gerenciar nossa respiração, que apesar de ser um movimento involuntário e inconsciente (todo mundo sabe respirar), trabalhá-la a favor desse dia pode ajudar muito em seu trabalho de parto. Uma das maiores vantagens do yoga para esse momento é saber o momento certo e a forma de respirar e não bloquear como é a tendência de muitas mulheres no momento das dores  das contrações e também no expulsivo (essencial para o expulsivo!). Além disso, o períneo é menos forçado. A recuperação pós-parto e o reposicionamento posterior dos órgãos  também se dá mais facilmente. E em relação ao bebê também tem vantagens, uma respiração relaxada pode diminuir a duração das contrações e consequentemente o período durante a oxigenação do bebê que é um pouco compromissada.  E todas nós sabemos que mesmo sendo instintivo, é preciso deixar que o cérebro réptil aja nessas horas, porque somos mamíferas e TODAS as mulheres sabem parir!  





quinta-feira, 11 de junho de 2015

Parto de homem.

Nesse post trago pra vocês o relato de parto do meu companheiro, isso mesmo! Sim, ele teve a oportunidade única e profunda de estar presente, participar ativamente e sentir muita emoção ao me apoiar em minha passagem pela partolândia. Com vocês o relato do meu companheiro!

Não foi uma noite tranquila, foi uma batalha; parir e violência. Uma violência criativa.
Antes de viver esta coisa não poderia imaginar como seria. Esta batalha confirmou o que eu pensei desde muito tempo: a mulher tem uma força desconhecida, reprimida pela sociedade patriarcal.
Depois do início da gravidez eu queria participar ao máximo de todo processo. É muito difícil para o homem, nós não sentimos nada das alterações físicas. Não temos a sensação do 'chute', não ficamos enjoados, não ficamos lunáticos, não temos transformações e etc. E sem contar que pra nós parece mudar tudo muito rapidinho.
Eu estava pronto pra ter um filho, mas antes de realmente viver tudo isso, ficava só na teoria.

Pra ultrapassar a natureza e poder viver a gravidez e ajudar meu amor, decidi participar com ela a várias atividades. Sobretudo o canto pré-natal. Foi uma das coisas mais importantes da minha vida, essa escolha, que pra mim foi natural. No início não sabia se ajudaria de verdade, mas já dividir uma coisa assim em relação a gravidez já foi muito importante.

Agora depois da grande vitória, eu posso dizer que foi uma coisa fundamental pra mim !

Eu vou falar só do momento no hospital, desse momento tão precioso. Eu participei plenamente do parto. Foi das 1as contrações até a expulsão do Rudá. 
Tudo que imaginei acabou em fumaça...
Eu li muitas coisas antes do D-Day mas nada aconteceu como previsto. Eu imaginei que teria tempo entre as contrações para descansar, mas o nosso filho tinha uma imensa força e vontade de chegar nesse mundo! Pra minha companheira foi um combate épico, digna dos titãs, pra mim foi uma maratona...Como o Feidípides da lenda grega, não pode parar! A escolha dela de não ter peridural nos obrigou a nos ajudarmos com o canto pré-natal. O 'mo do relai' foi duma grande ajuda. Durante 8 horas minha companheira e eu fizemos esse barulho parecido aos gritos dos tempos antigos. Com toda minha força física e moral tentei apoiar minha companheira. Durante o tempo do trabalho, não pude sequer sair do lugar, sem comer, sem urinar, sem descansar, junto com ela e com o seu sofrimento... Porque foi um momento difícil psicologicamente, ver a mulher que você ama sofrer a morte, é muito complicado. Sobretudo, quando ela te suplica para encontrar uma solução contra a dor...Você não sabe o que fazer... Felizmente o pessoal obstétrico foi mágico! Ao pico da tempestade minha companheira teve um momento de fraqueza, mas a obstétrica a ajudou a continuar o trabalho. Chorei nesse momento com ela de emoção (eu falo disso por que é muito raro pra mim, infelizmente). O fim do trabalho, a chegada de nosso filho foi o mais difícil pra ela, mas pra mim a fatiga das emoções relaxa minhas tensões. 
Eu vi a chegada de nosso filho ao vivo diretamente, não queria perder nada! Quase incomodei a obstretriz. Na expulsão a alegria foi tão grande que demorei um tempão antes de olhar o sexo de nosso bebê !
Que coisa maravilhosa é dar a vida! 
Mesmo se alguns falam que é feio porque tem sangue, eu achei que foi a coisa mais linda que pode acontecer ! 
É assim que nosso filho Rudá chegou ao mundo e trouxe mais cores em nossas vidas!
                               


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Relato de parto.

 
 
Relato de parto: nascimento do meu guerreiro do amor!

Na ansiedade tremenda da espera do nosso bebê, dia 26/01/15 tive o 1o sinal de que o grande dia se aproximava: perdi meu tampão. E eu que achei que era algo que partia duma vez fiquei ainda mais supresa quando no dia seguinte vi mais um tanto dessa geleia transparente sair de mim! Nesse mesmo dia a noite, 27, comecei a sentir as 1as contrações! Fiquei eufórica, comecei a marcar os intervalos, entrei na banheira para um banho bem quente e demorado, jantei uma saladinha bem leve que minha mãe fez pra mim e ficamos conversando no chão da sala. Minha mãe e uma tia vieram do Brasil na expectativa de ver meu bebê nascer... Por sugestão da minha doula eu deveria subir pro quarto para me repousar um pouco e tentar me conectar comigo mesma, não era hora de ir para o hospital, eu me sentia ainda muito bem, apesar de estar um pouco ansiosa. 


As contrações foram relaxando e eu fui ficando sonolenta, já eram 2:30 da manhã. Disse a doula que ela podia ir embora que eu me sentia bem. Ouvi ela falando com meu companheiro que eu estava me desconectando de mim, precisava mergulhar em mim mesma, talvez ficar mais sozinha.(Essa parte me incomodou um pouco, pois daí surgiu um embate cultural, aqui na França tudo costuma-se desenrolar sem a interferência da família, e ela imaginava que eu estava me sentindo invadida por estar com visitas em casa)! 

Enfim, dia amanheceu, agora parecia que a bolsa tinha fissurado, de vez em quando havia um líquido que escorria! Um adendo: liguei de novo para doula pra saber desse líquido, poderia ser outra coisa que não o líquido amniótico? Sempre ouvi dizer que tem um cheiro horrível de água sanitária, e o meu não tem cheiro forte, e para minha surpresa ela me disse que o líquido amniótico não é mal cheiroso, ao contrário cheira muito bem! 

Ela passou logo depois do almoço, eu nessa hora estava tentando me conectar, passei quase a manhã toda no quarto, minha tia sempre perguntava das contrações, comentava se não deveria ir ao médico ja q não sentia mais nada, será q o bb está bem, enfim...

Saímos para caminhar e meu companheiro levou minha mãe pra passear um pouco também, estávamos ficando todos um pouco apreensivos! 

Voltei da caminhada, mamãe chegou do passeio, tomamos todos juntos um café da tarde, e decidi subir e descer escadas! Moro no 3o andar, subi e desci 2x. Fiz alguns agachamentos e exercícios na bola, e também um banho derivativo! Voltei a relaxar! 

19h30, voltaram bem suaves as contrações. Fiquei quietinha e marcando o tempo! Desci novamente, jantamos todos juntos, dessa vez comi bastante, e uma deliciosa sobremesa de suspiro com morangos! E as contrações pareciam realmente bem ritmadas! Das 20 as 0h direto sendo as 2 últimas horas a cada 6-7 minutos! Pronto, chegou mesmo a hora! Acorda marido, liga pra doula, toma banho quente! Dor de barriga... A natureza perfeita, me ajudando a limpar bastante antes da hora H. 

Saímos de casa 00:30, cheguei no hospital e uma estagiária de parteira me examinou além de medir as contrações e os batimentos do bebê, nessa hora eu estava com 1cm de dilatação! Não disse que a bolsa estava já vazando, lentamente, para não ter que ficar sob vigilância com tds aqueles aparelhos e imóvel, e ela nem sequer percebeu! Melhor assim!  A sugestão foi que eu fizesse 30 min de caminhada pelo hospital para ver se evoluía! Nessa hora eu e meu companheiro já estávamos há um tempo cantando o moooooo a cada contração, fizemos juntos durante a gravidez o canto pré-natal e isso parecia surreal como estava funcionando e pra ficar ainda mais mágico treinamos várias posições por todos esses meses mas na hora H encontramos uma outra posição que fez toda diferença, nós nos abraçávamos e ele cantava por dentro do nosso abraço, eu sentia vibrar tudo, exatamente como deveria ser; ocitocina é amor!

Voltando da caminhada, ainda 1cm. Ou iria pra casa ou tomaria um remédio (parente da morfina) para relaxar e esperar evoluir. Não queria voltar pra casa, e frustrar ainda mais todo mundo, me desconectar do meu momento. Pedi pra ficar mas também  não queria tomar nenhum medicamento! 

Sorte estava conosco, não havia ninguém mais na maternidade para parir nessa noite e a parteira me deixou ficar e não me instalaram num quarto porque nós cantávamos e atrapalharia outras mamães e bebês, fiquei mesmo nas salas de preparo! 1 h depois sugeriu um novo toque e ja estava com 3 cm, mudei p sala de trabalho! A gente veio de mala e cuia, trouxe minha almofada de amamentar, luzinhas p não usar luzes das salas que são ultrafortes... Na sala de parto tinha tapete banquetinha e até  lâmpada de sal! Nessa sala as contrações não me deixavam repousar em nada, foi tudo muito intenso e só sei que em mais 1,5h eu ja estava com toda dilatação! 

Parece ter sido rápido mas foram essas poucas horas o suficiente para me cansar e muito, eu estava simplesmente exausta e comecei a querer desistir! Me sentia mal, a bolsa rompia-se cada vez mais, sentia um calor enorme, queria um banho, queria dormir, e comecei a chorar pedindo ao meu companheiro ajuda, que eu não queria mais, que não aguentava, que eu era fraca e me entregava, ao mesmo tempo pedia desculpas... Ele ficou sem chão, e pediu a parteira q me desse anestesia. A doula não deixou, ela dizia: não boris, ela precisa formular a frase e pedir a quem de fato pode fazer, não é a você que ela deve pedir... E eu estava me esgotando! 

A parteira me encorajava todo tempo juntamente com a estagiária  e minha doula que me diziam você já fez todo trabalho agora só  falta acolher seu bebê! 

A expulsão: comecei de cócoras, e nao deu! Fui p cima da mesa de 4, apoiando na bola e cantando com o meu companheiro. Muita força, mas o bebê  não vinha! Nessa hora meu marido cantava sozinho pq eu só gritava feito leoa! E eles sempre me lembrando o grave, canta o grave, envia a força p baixo, não levanta a cabeça... E eu com minha mania de pensar demais, me perdi completamente entre respirar, fazer força e controlar a dor... Me perdi, e nessa foi mais uma posição, deitada de lado! Eu nao podia sequer deitar pois a dor era imensa na lombar e faziam 10 contrações virem juntas ao mesmo tempo (era a impressão que eu tinha). Deitada de lado, não tinha forças  nas pernas mais, boris segurava enquanto as 3 falavam muito bem, isso de novo, a gente  tá vendo seu bebê, vai você consegue, muito bem muito bem... E NADA! Ele nao saía... De novo muda de posição, agora estava sentada, com as pernas apoiadas mais a frente e segurando uma barra acima da cabeça... E eu continuava a gritar, gritar, gritar e comecei a sentir que ele estava vindo. Entrei na partolândia. Eu enxergava como uma ursa que rugia no momento de dar à luz. Senti uma ardência no períneo, sim era meu bebê, toquei sua cabecinha, mas precisava fazer ainda mais força... Por um momento escutei a parteira dizer que precisava me dar mais, tudo que eu conseguisse se não ela chamaria um médico, aí minha gente, não sei de onde tirei forças, porque pensei: meu filho não será retirado de mim por instrumento nenhum e nem eu serei cortada e então tome-lhe força e conseguimos colocar a cabeça toda pra fora e em seguida o ombrinho e nós conseguimos juntos. Veio direto p meu colo e eu não conseguia ainda saber quem era. Levantei sua perninha e chorei de emoção dando as boas vindas ao meu Rudá, o guerreiro do amor! Bem vindo meu filho!!! 

E foi assim o nascimento do nosso guerreiro do amor (Rudá) de 3150 g e 51 cm que nasceu as 8h29 (hora da França) do dia 29/01/15 de 40 semanas e 1 dia, sem anestesia sem nenhuma outra intervenção nem a mim nem ao bebê!  Sem pontos! Ele não precisou ser aspirado, veio direto para o meu colo, senti aquele cheirinho apaixonante que até o papai ficou encantado, e por mais de 24h ficamos só no chamego, e ele fez o 1o côco (de mecônio) sobre mim e juro que até  isso eu achei o máximo!

Quanto a dor, foi sim muito muito difícil, eu me senti muito cansada, exausta e sem forças, mas confesso que a dor que ainda consigo hoje visualizar e sentir é a dor do meu bebê saindo, consigo me lembrar perfeitamente do que todos dizem a bola de fogo, e de fato é! 

E foi assim, nasceu quem por nove meses se construía em mim enquanto eu me reconstruía. E esse foi o momento em que pari, momento em que morreu quem eu fui até então, porque parir é morrer, e nascer é morrer ao contrário.